Sobre a manifestação bolsonarista em São Paulo
O ato na Avenida Paulista marcou o último movimento da extrema direita em defesa de Bolsonaro frente às evidências de golpismo reveladas por investigações da Polícia Federal
Foto: Lucas Martins (@lucasport01) / Brasil de Fato
No último domingo, Bolsonaro fez seu ato político na Avenida Paulista, convocando apoiadores para uma manifestação defensiva em resposta à situação que ele e aliados golpistas enfrentam. O discurso reivindicou seu governo, sua pauta reacionária e contrarrevolucionaria, apelando pela anistia aos que estiveram envolvidos na tentativa de golpe de 08 de janeiro (como o próprio Bolsonaro, em primeiro lugar, o chefe da operação). Reivindicou uma borracha no passado e pediu que o país se pacificasse.
Cínico e mentiroso, quer apenas ganhar tempo e retomar com toda força seu projeto de morte. O ato foi forte, mas não foi uma surpresa. A extrema direita segue com apoio e a aliança do bolsonarismo com o fundamentalismo religioso reacionário tem base social. Mas a mobilização não mudou o cenário nacional e não alterou as enormes dificuldades de Bolsonaro diante da Justiça porque existem muitas provas reunidas sobre os crimes cometidos. O ato de hoje na Paulista está longe de ter força para abafar essas investigações ou fazer com que o STF, em especial o ministro Alexandre de Moraes, e a Polícia Federal sejam intimidados por força de massas bolsonaristas.
Defendemos uma luta sem trégua contra a anistia aos golpistas, para que o passado não seja esquecido e seus crimes sejam apurados, investigados e punidos. Para tanto, é central que a esquerda supere o papel de apenas demandar ações das instituições da democracia burguesa. Uma verdadeira esquerda é necessária porque é nas ruas, em última instância, onde a sorte do país será decidida. Hoje não temos uma esquerda com capacidade de mobilização que esteja disposta a convocar para a derrota real do bolsonarismo, indo além da pauta democrática e lutando pelos interesses concretos do povo
Para derrotar Bolsonaro é preciso avançar na luta por melhores salários, pelo aumento do Bolsa Família, pelo fim dos cortes de verba na educação e na saúde, entre outras pautas, enfrentando lutas democráticas e econômicas simultaneamente É preciso punir os golpistas e, ao mesmo tempo, combater as privatizações, defender a reforma agrária e assumir uma política tributária que faça com que os ricos paguem pela crise. É necessário ocupar as ruas por todas estas demandas.