Plataformização na rede pública estadual de São Paulo
O impacto pedagógico da plataformização na educação pública e suas consequências
Foto: Diego Vara/BdF
Plataformização na rede pública estadual de São Paulo
Nesse artigo explicaremos quais são as plataformas digitais impostas pelo governo estadual de SP, o impacto pedagógico na educação pública, consequências financeiras e na formação discente.
Reconhecemos que o mundo evoluiu, com o impacto da globalização e a importância da tecnologia no desenvolvimento social e cooperação na comunicação, e, também compreendemos que as novas gerações estão cada dia mais envolvidas na tecnologia. Logo, o método de ensino e aprendizagem está passando por modificações, mas essas devem ser auxiliares e não centrais. Pois, sabemos a importância do ambiente escolar não somente para o ensino-aprendizagem, mas, a importância do ambiente escolar também é para a construção social e cultural de cada indivíduo em desenvolvimento.
Durante a pandemia muito era falado sobre o fim das aulas presenciais o que de fato não foi concretizado, isso, porque faz parte do processo de aprendizagem o contato humano e a troca cultural, dessa forma, as plataformas não poderão substituir professores e sim auxiliar.
Mudança no sistema educacional ou negócio financeiro?
O Secretário de Educação Estadual de São Paulo, Renato Feder, apresenta como interesse a mudança radical no sistema educacional, sendo que, a única intenção são os contratos milionários gerados pelas plataformas, como se não bastasse, ele já foi acionista direto da Multilaser e tem interesse pessoal e econômico sob esses contratos. A sua última opção é a preocupação com a educação pública.
Vejam só: o Secretário Feder apenas está disponível para resolver assuntos dos contratos sobre Tecnologia, já nos assuntos que são pedagógicos, quem faz o atendimento na Secretaria de Educação do Estado de SP é o Secretário Adjunto. Logo, daqui alguns anos veremos esses contratos passando por investigações, muito lembra o cenário do Governo Maluf, que fez várias Rodovias e hoje vemos o quanto elas estavam ligadas à corrupção.
Quais plataformas existe hoje na rede estadual? Vejamos abaixo:
– SED – Secretaria escolar digital – que é plataforma para atribuição de aulas e/ou classes (sem transparência nenhuma ao atribuir tais aulas/classes, objeto de centenas de denúncias), serve também para incluir notas e frequências de estudantes; além dessa plataforma existem outras dezenas de plataformas que servem apenas no controle das aulas.
Diário Digital, Tarefas SP, Slides (Materiais digitais), CMSP (Centro de Mídias São Paulo), Redação SP, Sala de aula virtual, Education First, Leia SP, Me Salva, Alura, Khan Academy, Matific, Elefante Letrado, Multiplica, EFAPE (Escola de formação dos Profissionais de educação), SOU (sistema Unificado do servidor público estadual), Apoio presencial e Prova SP.
São muitas plataformas, talvez ainda falte alguma além da lista acima. Mas, o fato é que o governo tenta impor goela abaixo esse modelo que IMPLICA de fato na construção social da aprendizagem. E esse modelo está desrespeitando a liberdade de cátedra de cada docente, sendo que liberdade de cátedra é um direito constitucional e não pode ser retirado dos professores.
O Super BI, a plataforma que tira o sono da educação
Além de impor as plataformas, o governo montou uma plataforma para controlar o uso de todas as outras plataformas. Às segundas-feiras virou o dia do resultado do super BI, a gestão escolar está sendo obrigada a cumprir metas do uso dessas plataformas, conforme legislação estadual, se não cumprirem as metas estipuladas, serão remanejados para outras unidades escolares longe de suas residências. Com isso, a gestão escolar está fazendo pressão para os professores cumprirem as metas e às segundas-feiras, que é dia do resultado do super BI, tornou-se o dia da pressão. Digamos não ao assédio em ambiente de trabalho, principalmente por conta de quantidade de plataformas acessadas! O Estado está esquecendo da qualidade de ensino, digamos não à robotização docente e discente!!!
Professores são impactados
Greve das Plataformas! Boicote já
Professores perdem a liberdade de cátedra com aulas prontas e obrigações tecnológicas e de plataforma. A liberdade de ensinar praticamente não existe mais. Precisamos resistir à esse absurdo. Evoluir sobre as tecnologias é parte, mas não é e nem deve ser o centro no processo de aprendizagem.
A APEOESP convocou a categoria a cruzar os braços e não fazer as plataformas entre os dias 13 a 17 de maio, é uma mobilização / Greve bem adversa do que costumamos fazer, mas precisamos nos adaptar a esse novo momento e dizer não ao assédio, e pela nossa liberdade de ensinar. Professores devem fazer a chamada e registrar o conteúdo de aula, e as plataformas não devem ser feitas. Vamos organizar nossas escolas, debater com a comunidade e dizer um fora a obrigatoriedade no uso das plataformas.