Eleições em Pelotas: Uma vitória da militância orgânica, um sopro de esperança
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Eleições em Pelotas: Uma vitória da militância orgânica, um sopro de esperança

Sobre a vitória da chapa PT/PSOL nas eleições da cidade gaúcha

Helder Porto Oliveira 29 out 2024, 10:09

A eleição municipal de 2024 em Pelotas se apresentou como simulacro da eleição nacional de 2022. Mas, com alguns elementos de novidade no cenário local que merecem atenção. Uma vitória maiúscula, que localiza o PSOL como protagonista da política municipal e que impõe uma derrota parcial, mas muito importante, à extrema direita que agora se organiza com força na cidade.

Pelotas é uma cidade situada na zona sul do Rio Grande do Sul, uma região economicamente limitada, baseada no comércio e no serviço público. Muito rica culturalmente, com muitas Universidades e com diversificada produção cultural. Desde que o bolsonarismo surgiu como fenômeno que dialogou e se fortaleceu como (anti)política de massas, não foram poucos os personagens que tentaram embarcar e capitalizar com a extrema direita, mas sempre foram marginalizados no cenário local, sem conseguir ter expressão na cidade. Mam 2024, a condição se alterou substancialmente, e com força.

O PL fabricou um candidato. Com pouco conhecimento da cidade, residindo há menos de 2 anos no território, com um perfil de empreendedor “bem sucedido” e que dialogou com a crítica ao sistema político e seus personagens locais, mas que, concomitantemente, se apoiou e construiu junto com figuras conhecidas da extrema direita no RS, como os Lara, de Bagé, e o que tem de pior e mais fisiológico da disputa política local. Mesmo assim, avançou para o segundo turno derrotando partidos e figuras expressivas da cidade e disputou “palmo a palmo” o segundo turno, tendo sido derrotado por pouco mais de mil votos.

O PSOL, por sua vez, construiu e formulou a tática correta. Desde a fundação do PSOL, Pelotas lança candidaturas próprias, disputando consciências sob o signo do programa histórico da esquerda e, obviamente, os espaços institucionais para ecoar e fortalecer nossa política. No entanto, em 2024, e a partir da alteração da correlação de forças no Brasil e na cidade, com a leitura prévia de fortalecimento orgânico da extrema direita local, buscamos construir uma unidade com setores democráticos, para lograr condições de exaurir e derrotar o que de mais retrógrado e perigoso enfrentamos até então. Assim, buscamos formar unidade com o PT.

A flexibilidade tática que exercemos produziu contradições, mas foi fundamental e acertada. Enquanto o PL se apresenta como anti sistema, ainda que sejam o que de pior o sistema produz, a esquerda tradicional se confunde com o próprio sistema. Sem apresentar saídas e reproduzindo a lógica da própria ordem, se situa num campo muito difícil, visto que os problemas sociais e políticos que enfrentamos são produtos do próprio sistema.

Foi nesse escopo que se situou a eleição em Pelotas. A despeito das formulações de superestrutura, o que garantiu a vitória foi a militância orgânica. Especialmente no segundo turno, foi impressionante a mobilização de base e, conectado com uma alteração de linha geral de campanha, que buscou desconstruir a figura do PL, concatenou o que de melhor ainda preservamos: a força de organização militante.

Marroni (PT) e Dani (PSOL) venceram, derrotamos o PL, e foi uma vitória das mais importantes para o PSOL não só gaúcho, como nacional. As dificuldades de governar uma cidade com dificuldades econômicas vai apresentar demandas e tarefas enormes, que irão exigir discernimento e programa. De qualquer forma, impor uma derrota ao PL, a outros setores da extrema direita que se organizaram nessa órbita e ao fisiologismo que influencia a política local há mais de 20 anos, é uma vitória a ser muito comemorada.

Por fim, o mais importante: o protagonismo do PSOL e da Daniela Brizolara no processo eleitoral. A militância do PSOL Pelotas, forjada nas lutas e no programa histórico da esquerda socialista, não só garantiu a reeleição de duas cadeiras do PSOL no legislativo, com a recondução de Jurandir Silva e com a vereadora Fernanda Miranda sendo novamente a mais votada, como foi fundamental para a vitória da Nova Frente Popular. Nesse ensejo, formamos uma grande liderança de massas. Não é exagero dizer que Daniela Brizolara foi o grande fenômeno das eleições municipais. Mulher, negra, da cultura e da educação, animou amplos setores, se dedicou, militou e liderou com maestria e extrema representatividade nosso partido durante todo o processo. Temos, agora, não apenas uma vice-prefeita, mas fundamentalmente uma grande liderança não só do PSOL Pelotas, mas do PSOL gaúcho e nacional. É preciso que se reconheça e amplie a liderança de Daniela Brizolara, um fenômeno que se concretiza, mas que ainda tem muito a se desenvolver.

Vitória do povo, da militância e da democracia. Viva o PSOL Pelotas, viva Daniela Brizolara.


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