Ecossocialismo 2025: Um Passo à Frente na Luta Ecossocialista Antifascista Internacional
A conferência Ecossocialismo 2025, organizada pela Aliança Socialista e pela Esquerda Verde, em Melbourne, significou um passo adiante na luta ecossocialista, antifascista e internacional
De 5 a 7 de setembro, mais de 200 ativistas, intelectuais e simpatizantes se reuniram no Balam Balam Place, em Naarm/Melbourne, para o Ecossocialismo 2025, uma conferência organizada pela Aliança Socialista e pela Esquerda Verde. O evento combinou educação política, programação cultural e intercâmbio aberto, criando um espaço onde participantes da Austrália e do exterior puderam compartilhar lições de luta, debater estratégias e fortalecer as bases de um crescente movimento ecossocialista.
A conferência ocorreu no contexto de uma grave situação internacional. Desde o retorno de Donald Trump ao poder, as crises ecológica, política, social e econômica do capitalismo se agravaram drasticamente, resultando em genocídio, guerras, pobreza, fome e catástrofes climáticas.
No período que antecedeu a conferência, o mundo vivenciou uma onda de mobilizações de extrema-direita e violência estatal sem precedentes: a “Marcha pela Austrália”, um protesto nacionalista xenófobo com visível presença nazista, tomou conta das ruas das principais cidades australianas; o Campo Soberania, um local sagrado indígena em Naarm, foi atacado; no Reino Unido, Tommy Robinson convocou um protesto “Unite the Kingdom” com 150.000 pessoas; e Trump, a vanguarda da extrema-direita internacional, bombardeou 11 venezuelanos em águas internacionais, como parte de uma campanha mais ampla para remilitarizar e dominar a América Latina. Ao mesmo tempo, novos processos de resistência emergiram, como os protestos em massa que explodiram na Indonésia depois que um veículo blindado da polícia atropelou um mototaxista de 21 anos, o que, ao mesmo tempo, expressou indignação generalizada contra a crescente pobreza, o privilégio da elite, o desemprego e os ataques aos direitos democráticos no país. E em seguida, o levante da juventude no Nepal.
O Ecossocialismo 2025 tornou-se um espaço crucial para metabolizar essas dinâmicas e questionar o que elas significam para a luta anticapitalista, antifascista e Ecossocialista na Ásia-Pacífico e além.
As discussões da conferência foram ricas, de alto nível e pluralistas, mesclando debates teóricos — como a natureza do imperialismo do século XXI — com análises concretas das lutas em toda a Ásia-Pacífico. O programa se destacou por conectar questões indígenas/primeiras nações, anti-imperialistas, antifascistas e ecossocialistas. A solidariedade com a Palestina — a luta anti-imperialista mais urgente da atualidade — foi destaque em todo o evento, ajudando a ancorar o significado de cada debate sobre justiça ecológica e social. Para mais detalhes, a agenda pode ser encontrada aqui: https://ecosocialism.org.au/agenda.
A conferência pode se orgulhar de várias outras conquistas, começando com um workshop de abertura histórico. A conferência reuniu importantes ativistas das Primeiras Nações — entre eles a senadora independente Lidia Thorpe, de impressionante trajetória militante e aborígene — com organizações socialistas, forjando uma unidade raramente vista no cenário político australiano. A sessão destacou histórias marcantes da luta indígena e ecossocialista.
Outro destaque foi o caráter profundamente internacionalista da conferência. Delegados da Indonésia, Índia, Filipinas, Brasil, Irlanda, Malásia, Coreia do Sul, China, Paquistão e Estados Unidos compartilharam experiências de lutas populares, enriquecendo discussões de alto nível que refletiram forte familiaridade com questões globais. Os participantes demonstraram genuína curiosidade pelos contextos uns dos outros, e muitos notaram o dinamismo das delegações do Sul da Ásia, cuja juventude e energia sinalizam uma renovação vital da luta socialista na região.
Foram diversas oficinas com os partidos e setores ligados à esquerda socialista desses países, dialogando sobre a necessidade da disputa de massas, a crítica ao campismo e a busca por experiencias em comum.
Um dos pontos altos foi o apoio à Palestina e Flotilha Internacional que está viajando para entregar ajuda humanitária em Gaza. Vale recordar que a Austrália é um dos países onde a concentrações em favor da Palestina foram as maiores fora da Europa. Chegamos a ter 300 mil pessoas marchando em Sidney, em agosto desse ano.
Finalmente, a conferência não se limitou a compartilhar análises, mas também a preparar o terreno para lutas coordenadas mais fortes. Os participantes estabeleceram novos vínculos de pensamento e organização, aprofundaram debates e esclareceram lacunas em nosso trabalho, além de abrir caminhos promissores para futuras colaborações — incluindo a próxima Conferência Internacional Antifascista em Porto Alegre no ano que vem. A Conferência será um novo ponto de encontro das lutas para derrotar a ameaça neofascista articulada na “internacional da extrema direita”.
Seguiremos o diálogo com a Aliança Socialista, seus jornais , Green Left e Links, envolvendo o MES no Brasil e o Pão e Rosas dos Estados Unidos para reforçar a articulação comum dos socialistas e internacionalistas dos cinco continentes.