O ‘inferno astral’ do 03
Eduardo Bolsonaro vê desmoronar seu capital político enquanto Judiciário avança e até o “mito” estrangeiro troca de lado
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) parece viver o pior momento de sua carreira política. Entre ataques do Judiciário, o risco real de perder o mandato e um Congresso que não compra mais seus arroubos de extrema-direita, o “filho 03” enfrenta um verdadeiro inferno astral. Como se não bastasse, até Donald Trump – seu ídolo declarado e inspiração política – resolveu acenar com simpatia para o presidente Lula, deixando Eduardo sem referência internacional para chamar de sua.
Na Câmara, o clã Bolsonaro amarga derrotas consecutivas. A derrubada da PEC da Blindagem, derrotada de forma unânime no Senado após forte pressão popular, deixou Eduardo isolado. Ele, que se notabilizou por defender privilégios e ataques à democracia, viu sua bandeira da impunidade ser enterrada de vez.
No Judiciário, a situação não é melhor. O Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal avaliam representações que podem levar à cassação de seu mandato por incitação antidemocrática e ataques às instituições. O filho do ex-presidente tem acumulado processos e se tornou alvo preferencial da Justiça – ironia amarga para quem tanto bradava contra o “ativismo judicial”.
Para completar o pesadelo, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que sempre foi tratado por Eduardo como modelo a ser copiado, resolveu acenar positivamente a Lula na ONU. O gesto, aparentemente cordial, soou como uma facada simbólica nas costas do 03. Afinal, como seguir vendendo o trumpismo tropical se o próprio Trump parece disposto a dialogar com o petista que Eduardo e seu pai demonizaram por anos?
A própria deputada Luciana Genro (PSOL-RS) ironizou a reviravolta:
“O Eduardo Bolsonaro botou bastante a perder o capital político da extrema direita no Brasil, mas eles se reinventam. O Tarcísio está aí para mostrar que podem surgir outras cartas, menos explícitas que Bolsonaro, mas com as mesmas intenções”.
Entre denúncias, derrotas políticas e traições vindas do norte, Eduardo Bolsonaro atravessa uma tempestade que ameaça não só seu futuro político, mas também a aura de “herdeiro do bolsonarismo”. Um detalhe: diferente das redes sociais, aqui não há como apertar “delete” para escapar da realidade.