Parlamentares do PSOL tentam impedir envio de aço brasileiro para Israel
Sâmia Bomfim e Débora Camilo denunciam risco de uso militar e pedem suspensão da carga no Porto de Santos
Foto: Pixabay/Reprodução
Parlamentares do PSOL protocolaram no Ministério Público Federal uma representação visando impedir a saída do navio da Villares Metals, transportando 48 caixas de barras de aço com destino à IMI Systems, empresa de armamentos em Haifa, Israel. Essa ação ganha ainda mais força por ter sido articulada em conjunto com o Coletivo Pró-Palestina Livre da Baixada Santista, a Frente Palestina de São Paulo e o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções a Israel).
A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e a vereadora de Santos Débora Camilo (PSOL) denunciam um grave “desvio de finalidade na concessão de licenças de exportação” e lamentam que a operação foi autorizada “sem o devido escrutínio de risco quanto ao uso bélico das mercadorias”. A empresa destinatária, ressaltam, é “reconhecidamente fornecedora da indústria militar israelense, com forte atuação em contextos de graves denúncias de violações de direitos humanos.”
A representação requer a instauração de inquérito civil para verificar a legalidade da licença de exportação, além de solicitar medidas cautelares para impedir a saída da carga do Porto de Santos, até que as investigações sejam concluídas. As parlamentares buscam ainda a responsabilização civil, administrativa e, se couber, criminal dos agentes públicos e privados envolvidos.
Esta iniciativa das parlamentares do PSOL se soma a uma série de movimentos progressistas em favor do fim das relações comerciais com Israel. Em 29 de maio de 2025, Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Sâmia Bomfim lideraram a articulação de uma carta aberta ao presidente Lula, com apoio de artistas, intelectuais e parlamentares, exigindo o rompimento das relações diplomáticas, comerciais, militares e tecnológicas com o Estado israelense.
Simultaneamente, personalidades como Chico Buarque, Carol Proner e Vladimir Safatle assinaram carta organizada pelo movimento BDS, pedindo que o Brasil suspenda acordos militares e comerciais com Israel – incluindo o tratado de livre comércio – e aplique embargo energético. Um manifesto de intelectuais como Marilena Chauí, Vladimir Safatle e Paulo Sérgio Pinheiro, publicado em julho de 2025, reforçou a necessidade de suspender tais relações comerciais e militares, lembrando embargos já adotados por outros países europeus em resposta ao que qualificam como genocídio.
Essas iniciativas reforçam que o Brasil deve seguir sua vocação progressista e comprometer-se com a justiça internacional – não apenas em pronunciamentos, mas em ações concretas. Como afirmou Fernanda Melchionna, “é inaceitável que o Brasil siga mantendo relações comerciais e diplomáticas com um estado genocida. Cruzar os braços diante do que está acontecendo na Palestina é ser conivente com a barbárie. Precisamos seguir o exemplo de outros países, romper com Israel e nos colocarmos do lado certo da história”.