Violência estatal contra famílias e PSOL no Rio expõe hipocrisia de Paes e Castro
Prefeitura e PM usam bombas e spray contra ocupação popular; governador desvia foco com falsas acusações, enquanto Professor Josemar denuncia a política de extermínio da população negra e pobre
Foto: PMRJ/Divulgação
O fim de semana no Rio de Janeiro foi marcado pela truculência oficial contra famílias ocupantes e parlamentares que tentavam defender direitos básicos. Na manhã de domingo (7), agentes da Guarda Municipal, Seop e da Polícia Militar promoveram a violenta desocupação de um prédio ocupado por mais de 30 famílias, a maioria mulheres, crianças e idosos, na Avenida Venezuela, centro da cidade.
As cenas são de choque: uso de bombas de efeito moral, spray de pimenta e agressões físicas. Deputados estadual e federal do PSOL, Professor Josemar e Tarcísio Motta foram empurrados, feridos e atingidos nos olhos pelos sprays enquanto tentavam intervir pacificamente, proteger vidas e acompanhar a situação.
Além de parlamentares, foram contabilizadas ao menos duas pessoas feridas e uma detida, além de uma militante hospitalizada com ferimentos na mão. Os registros de vídeos, amplamente compartilhados, comprovam o uso excessivo de força, mesmo diante de gritos de “Tem criança!” vindos dos ocupantes — que não sensibilizou os agentes.
As desculpas esfarrapadas de Paes e Castro
O prefeito Eduardo Paes justificou a ação nas redes sociais, afirmando que o prédio estaria destinado à construção do “Centro Cultural Rio-África”, e que a ocupação seria promovida pelo PSOL via MLB, ignorando a gravidade da operação. O governador Cláudio Castro se somou à narrativa, mas afastou-se do princípio da solidariedade e afirmou que “um deputado federal branco deu carteirada num guarda municipal negro”, insinuando racismo institucional por parte de Tarcísio Motta – uma clara tentativa de desviar o foco da violência praticada pelo Estado. O deputado estadual Professor Josemar não se deixou calar:
“Espero que você mude as políticas de segurança pública que exterminam negros e negras nas periferias. (…) Pede para sair, governador. Não fala da questão racial (…) visto que você não a respeita”, rebateu com contundência.
Desdobramentos e reações
Após o confronto, os deputados registraram boletim de ocorrência na 21ª DP. Representantes do MLB denunciaram o governo por “despejo ilegal”, destacando que o imóvel pertencia ao programa federal Minha Casa Minha Vida e deveria servir à moradia popular – não houve, segundo eles, qualquer sólida justificativa para a expulsão imediata.
O Brasil de Fato relatou que cerca de 20 pessoas precisaram de atendimento médico, sendo um caso mais grave. O Movimento promete ações jurídicas e mobilizações públicas para garantir moradia digna às famílias e denunciar a ação como mais um capítulo da violenta guerra às ocupações populares no Rio.
A truculência do Estado revela prioridades claras: expulsar famílias empobrecidas e silenciar parlamentares de esquerda, enquanto projeta uma narrativa vazia de “ordem” e “cultura”. A reação firme de vozes como Professor Josemar, apoiadoras das ocupações e do direito à moradia, mostra que resistir e denunciar permanece sendo o caminho para quem luta por justiça social.