Recebemos há pouco as fotos da delegação brasileira na Flotilha, com punho cerrado, recém chegados na Jordânia e preparando seu retorno. E, mesmo que entre ontem e hoje dezenas de delegações já tenham deixado as masmorras do Estado genocida, ainda restam encarcerados seis ativistas de múltiplas nacionalidades.

Ontem recebemos o primeiro membro da delegação brasileira, Nico Calabrese, argentino com passaporte italiano, militante da Rede Emancipa, num evento combativo no aeroporto do Galeão. Nico, junto com a vereadora de Campinas Mariana Conti e a presidente do PSOL RS Gabi Tolotti, são integrantes do MES e parte da delegação brasileira que deu um exemplo de combate, mantendo a moral na prisão mesmo com os escrachos de fascistas como Ben Gvir e os mal-tratos a que foram submetidos. O MES como um todo destaca a importância e a fibra destes camaradas e de tantos outros da delegação de nosso país.

Thiago Ávila e Greta Thumberg encabeçaram a missão, simbolizando esta luta para todo o mundo. A fala de Greta ontem foi um líbelo de resistência, digno de uma gigante: “não somos heróis, estamos aqui para apoiar o povo palestino”. E é verdade.

Também estiveram ativistas de todo mundo, deputados da esquerda europeia, o sul africano Mandla Mandela, neto do líder histórico; a deputada do Bloco de Esquerda português, Mariana Mortágua, bem como a deputada argentina Celeste Fierro, do MST e da FITU.

A Flotilha foi uma missão humanitária e internacionalista muito importante, celebrada com festa pelas crianças e pescadores palestinos, como vimos entre lindas imagens que nos empolgaram no último período. Foi um catalisador que impulsionou a solidariedade com o povo palestino, um forte ponto de apoio em meio a greves e manifestações de massas em muitos países da Europa (onde a Itália é o ponto mais alto), mas também em países da Ásia, África e Oceania. Uma batalha importante que acumula mais forças e disposição diante do contínuo massacre sobre Gaza.

E nessa data, onde se completam dois anos do 7 de outubro, as negociações de paz se arrastam pela política de Netanyahu e Trump que é de buscar uma “paz dos cemitérios” ou uma paz dos colonizadores. Sua proposta de acordo foi na verdade, um ultimato ao povo palestino, desgastado pela derrota militar que se impõe via genocídio.

É incrível a resistência do povo palestino. A desmoralização do estado de Israel chegou a níveis altíssimos, mesmo nos países imperialistas que mais lhe sustentam, como Estados Unidos e Inglaterra

As manifestações vão seguir. No Brasil, a solidariedade com a Flotilha levou a importante pressão sobre o Itamaraty e ao governo Lula que, mesmo de forma demorada, acabou por denunciar a política do estado genocida.

A luta em defesa da Palestina vai seguir sendo a linha divisória da humanidade. Os ativistas que voltam para o Brasil se tornam referências comprometidas – tal como Greta e Thiago- para seguir denunciando o holocausto palestino. As famílias e a impressionanente rede de apoio que foi montada faz jus à bravura dos que passaram mais de trinta dias navegando e quase uma semana detidos nas masmorras israelenses.

Prendemos o grito, empunhamos com mais força nossas bandeiras, e sentimos orgulho dos nossos e dos membros da Flotilha que romperam o cerco e a inércia, dando um exemplo de um novo internacionalismo, vivo e ativo, que apenas começa.

Viva a resistência ao redor do mundo em defesa da Palestina! Comemoramos a soltura dos nossos, mas só haverá liberdade quando a Palestina for livre. A humanidade só será livre quando os Palestinos tiverem direito à sua terra.

Registramos abaixo também o empenho de todos os outros membros da delegação brasileira. Palestina Livre do Rio ao Mar!

Luizianne Lins – Professora, deputada federal pelo PT Ceará e duas vezes prefeita de Fortaleza;

Mohamad El Kadri – Brasileiro, filho de libaneses, presidente do Fórum Latino-Palestino, coordenador da Frente Palestina de São Paulo e militante do PT;

Bruno Gilga Rocha – Trabalhador da USP, atuante no Sindicato dos Trabalhadores da universidade, militante do MRT e parte da coordenação brasileira da Global Sumud Flotilla;

Magno Carvalho – Militante do Sindicato dos Trabalhadores da USP e da CSP-Conlutas. Veterano de iniciativas de solidariedade internacional ao povo palestino;

Lucas Farias Gusmão – Ativista e internacionalista baiano;
⁠
João Aguiar – Ativista do Movimento Global para Gaza e do Núcleo
Palestina do PT/SP;

Ariadne Telles – Advogada de direitos humanos da Amazônia e militante pelo Movimento Bem Viver;

⁠Lisiane Proença – Comunicadora popular, viajante e agitadora cultural;

Victor Nascimento Peixoto – Professor pesquisador da história islâmica. Ativista e comunicador popular;

Miguel Viveiros de Castro – Um dos fundadores da rede Indymedia Brasil e da
Cooperativa de Calafou, na Catalunha (Espanha). Dirigiu os documentários “Brad, uma
noite mais nas barricadas” e “Mundurukania, na beira da história”.