Após pressão, Lula faz declaração sobre brasileiros sequestrados por Israel
Presidente se manifesta diante das denúncias de violência contra ativistas da Global Sumud Flotilla. 13 ativistas brasileiros seguem detidos em prisões israelenses, entre eles as militantes do MES-PSOL Mariana Conti e Gabi Tolotti
Foto: Divulgação
Após intensa pressão popular e mobilização internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalmente se pronunciou sobre a prisão dos 13 brasileiros detidos por Israel durante a missão humanitária da Flotilha Global Sumud, que levava ajuda à população sitiada da Faixa de Gaza.
O posicionamento de Lula ocorre após a libertação e deportação do militante do MES-PSOL, Nicolas Calabrese, primeiro integrante brasileiro da flotilha a deixar as prisões israelenses. Educador popular e coordenador da Rede Emancipa, Calabrese relatou violência, humilhações e agressões físicas sofridas pelos ativistas durante a captura militar.
“Fomos humilhados, sofremos golpes e violência física, principalmente a companheira Greta”, denunciou, referindo-se à ativista sueca Greta Thunberg, uma das mais agredidas durante a operação. Calabrese vive há mais de dez anos no Brasil, onde atua como professor de Educação Física, e chegou ao país na noite desta segunda-feira (6), após ser deportado pela Turquia.
A missão humanitária Global Sumud Flotilla foi interceptada em alto-mar por forças navais israelenses, sob a justificativa de romper o bloqueio ilegal imposto a Gaza. Desde então, multiplicam-se os relatos de tortura, privação de sono e maus-tratos contra os integrantes da flotilha – violações que o governo israelense tenta negar. Em comunicado oficial, Tel Aviv afirmou que “todos os direitos legais dos participantes foram plenamente respeitados”, e chegou a alegar que “o único incidente violento foi causado por um provocador do Hamas-Sumud”.
Mas as versões oficiais caem por terra diante dos depoimentos de ativistas e familiares. Segundo o Movimento Global à Gaza, 13 brasileiros seguem presos sem acesso consular, entre eles Thiago Ávila, Bruno Gilga, Lisiane Proença, Magno Costa, a vereadora Mariana Conti, a deputada federal Luizianne Lins e outros militantes e educadores populares.
A situação se agravou com o início de uma greve de fome e sede por parte de quatro deles – Thiago Ávila, João Aguiar, Bruno Gilga e Ariadne Telles – em protesto contra o tratamento degradante e pela entrega de medicações vitais negadas a companheiros com doenças cardíacas e hipertensão.
Depois de dias de silêncio e críticas da sociedade civil, Lula manifestou-se pela libertação imediata dos presos, classificando o episódio como “uma situação inaceitável que fere os princípios mais básicos dos direitos humanos”. O presidente se junta a lideranças latino-americanas como Claudia Sheinbaum (México), Pedro Sánchez (Espanha) e Gustavo Petro (Colômbia), que já haviam condenado a repressão israelense e exigido a liberação dos ativistas.
Movimentos populares, organizações de direitos humanos e parlamentares seguem cobrando do governo brasileiro medidas concretas para garantir a deportação imediata dos brasileiros sequestrados pelo Estado de Israel, e o fim da cumplicidade internacional com o genocídio do povo palestino.
Como resumiu um militante da Rede Emancipa:
“A libertação de Nico é só o começo. Enquanto houver brasileiros presos e palestinos morrendo, não há paz – há resistência.”