Ser professor é um ato revolucionário
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Ser professor é um ato revolucionário

Resistir, ensinar e transformar a sociedade diante da precarização e da mercantilização da educação

Juca Batista Lopes 15 out 2025, 16:52

Foto: Manifestação de educadores da cidade de São Paulo. (SIMPEEM/Reprodução)

Ser professor no Brasil é resistir todos os dias. É trabalhar em condições precárias, com contratos temporários, baixos salários, falta de reconhecimento e ausência de estrutura, e ainda assim garantir que crianças e jovens tenham acesso à aprendizagem de qualidade. Muitos chegam à sala de aula por necessidade, outros por vocação, mas todos enfrentam o mesmo desafio: sobreviver e ensinar num país que ignora direitos básicos. É nesse cotidiano difícil que nasce a força da categoria. O professor é, antes de tudo, um trabalhador que resiste.

A escola pública é ao mesmo tempo abrigo e campo de batalha. Ali o professor enfrenta desigualdades, acolhe dores e disputa consciência. De um lado, o projeto neoliberal que transforma o ensino em mercadoria, controlado por plataformas digitais, sistemas apostilados e fundações como Lemann, Bradesco e Instituto Ayrton Senna, que moldam currículos e transformam alunos em clientes. De outro, a tradição crítica que insiste em tornar a educação emancipadora, capaz de despertar pensamento crítico e consciência social, exatamente o que essas elites querem conter.O capital descobriu na educação um negócio bilionário. Sob o discurso da inovação, empresas capturam políticas públicas, vendem pacotes prontos e reduzem o professor a executor de conteúdo alheio. A pedagogia do tecnicismo, que privilegia apenas competências e resultados mensuráveis, substitui a formação crítica e humanizada, limitando a capacidade de questionar e transformar a realidade. Quando a escola se submete à lógica do mercado, o saber perde sentido e a autonomia docente é comprometida.

Mesmo no governo Lula, medidas como o arcabouço fiscal e limites aos gastos públicos mantêm um cenário de austeridade que sufoca a valorização dos professores e impede investimentos reais na educação. O piso nacional continua sendo desrespeitado e propostas de reforma administrativa em discussão no Congresso ameaçam estabilidade, direitos e carreiras do magistério, aprofundando a pressão sobre a categoria.

Ser professor hoje é viver no limite entre cansaço e esperança. É enfrentar o desprezo institucional e ainda assim ensinar, mesmo sem condições ideais, sustentando a possibilidade de pensar. Cada sala de aula é uma trincheira e cada professor que insiste em educar é silenciosamente um militante da vida. Por isso nos acusam de doutrinadores, porque sabem que educação libertadora incomoda.

O magistério segue sendo vanguarda das lutas sociais e trabalhistas. Apesar da precarização, da terceirização e das dificuldades enfrentadas por muitos profissionais contratados, é a categoria que ainda realiza greves, mobilizações e resistência coletiva, defendendo direitos e reafirmando que a educação pública não se entrega à mercantilização. Mesmo em condições adversas, os professores mostram que é possível organizar, resistir e lutar por democracia, direitos e uma educação emancipada.

No Dia dos Professores não queremos homenagens vazias. Queremos piso cumprido, carreira valorizada, escolas estruturadas e políticas públicas que garantam dignidade. Queremos uma educação que emancipe, não que adestre. Paulo Freire dizia que “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Mesmo precarizados, desrespeitados e cansados, seguimos transformando. Ser professor continua sendo e cada vez mais um ato revolucionário.


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