Há uma evidente escalada intervencionista contra a soberania nacional da Venezuela. São cerca de 10 mil soldados que estão na região da América Latina e Caribe. Misseis, helicópteros e aviões estão sendo preparados para avançar um cerco sobre Venezuela. A justificativa do narcotráfico serve como as mentiras que levaram por exemplo, à agressão no Iraque, quando se falava de armas de destruição de massas, nunca encontradas.

A indicação do Nobel para Corina Machado é como uma senha para legitimar uma intervenção moldada pela extrema direita, conforme revelaram documentos da CIA que Trump não desmentiu. Ou seja, mesmo que não se concretize uma ação de invasão direta, os planos ilustram a iminência de um ataque à soberania venezuelana. Um ataque à soberania da Venezuela deve ser tomado como um ataque à soberania do Brasil e dos países da região.

Por isso, veio em boa hora a nota do PSOL, que convoca a mobilização em defesa da soberania venezuelana, independente das diferenças de posições e caracterização sobre o governo Maduro.
Dentro desse novo momento, de alta polarização e retomada da luta anti-imperialista, a defesa da campanha para que Trump tire suas mãos da Venezuela ganha peso e centralidade.

Venezuela é o alvo neocolonial imediato de Trump

Trump quer derrubar Maduro, de todas as formas. Quer criar um governo títere, a partir de María Corina Machado e as oposição de direita, antes chamadas de “esquálidos”, que atuam nos círculos de Miami.

Controlar os recursos naturais, privatizando o petróleo e abatendo um ponto de apoio dos BRICS na região, é seu objetivo manifesto. Para tanto, mobiliza tanto formas de desestabilização interna quanto de cerco militar direto, como se verifica em suas últimas ações.

A política imperialista de Trump se repete com a mesma natureza em todo o mundo. Aplica um plano neocolonial para o Oriente Médio, legitimando o genocídio e defendendo Netanyahu; aplica tarifas assimétricas com motivações políticas para chantagear os países, como fez no Brasil buscando defender Bolsonaro e seus aliados golpistas

Nós, que sempre tivemos uma posição de apoio aos elementos mais democráticos do processo chavista, apostando nas conquistas da Revolução Bolivariana e sendo críticos ao posterior regime de Maduro, alentamos a necessidade de ampla unidade nesse momento. E nos localizamos com simpatia à esquerda independente, reforçamos a posição de defesa da soberania e contra todas as ameaças de Trump.

A Venezuela é o alvo. E parte da estratégia de um controle maior sobre a América do Sul, região estratégica na disputa geopolítica que vive o mundo.

As contradições do governo Trump, contudo, já resultaram em algumas baixas, como o então responsável pelo Comando do Sul, que seria o dirigente dessa operação, Almirante Alvin Hosley. Ontem, ele declarou sua aposentadoria antes do prazo previsto, abrindo uma nova crise em relação ao tema. Da mesma forma, a crescente indignação mundial contra a ação de Trump no genocídio palestino pode se canalizar também para a defesa da autodeterminação do povo venezuelano.

O governo e a sociedade brasileira devem tomar lado

Além da análise, devemos levantar algumas propostas de medidas práticas para enfrentar os atuais riscos neocoloniais na América Latina. Nisso, o papel do governo brasileiro pode ser fundamental, articulado com governos como os de Colômbia e México, na defesa intransigente da soberania venezuelana e dos demais povos latinoamericanos.

O Brasil deve convocar os países da região para um cúpula de emergência, atuando para denunciar o absurdo que representaria qualquer tipo de intervenção, direta ou indireta, na Venezuela. Da mesma forma, outras medidas diplomáticas tanto em escala regional como global poderiam ser fundamentais para frear o ímpeto imperialista de Trump.

A situação também se move internamente nos EUA. Acompanhamos a luta dentro da potência imperialista, onde para amanhã (sábado 18/10) se preparam possivelmente os maiores protestos opositores desde a posse de Trump, com uma nova edição da ampla manifestação “No Kings”.

E no Brasil, desde baixo, os movimentos sociais, sindicatos e organizações políticas devem preparar atos de solidariedade ao povo venezuelano nos próximos dias, aproveitando da indignação generalizada pelos ataques à soberania de nosso próprio país e ao papel assassino cumprido pelo governo estadounidense em Gaza. É hora de nos mobilizarmos em defesa da Venezuela e da soberania de todos os povos do mundo.