Brasil vai às ruas contra a política de morte de Cláudio Castro
Atos em várias capitais denunciam genocídio de Estado e exigem justiça para as vítimas da maior chacina da história do Rio
Fotos: Hugo Scotte e Tatiana Py Dutra
A Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre, voltou a ser território de resistência nesta sexta-feira (31). Em sintonia com outras capitais brasileiras, a cidade realizou um ato em memória das vítimas da maior chacina da história do Rio de Janeiro e em repúdio à política de morte comandada pelo governador Cláudio Castro. Entre vozes indignadas e expressões artísticas, o recado foi direto: basta de violência estatal contra o povo pobre e negro.
A manifestação, marcada por intervenções culturais como a da Trupe de Atuadores Ói Nois Aqui Traveiz, reforçou que a luta por justiça também é luta por dignidade. Presente ao ato, o babalorixá Almir Rodrigo Gerhardt, o Cebola de Oxalá, sintetizou a revolta com a brutalidade institucionalizada.
“A gente fica muito triste com tudo que ocorreu (…) não é um fato espontâneo, é uma política de Estado que o governo tem para exterminar o mais pobre e principalmente a juventude negra”, afirmou. Para ele, operações armadas que invadem favelas não enfrentam o crime organizado, mas “pegam aqueles que são trabalhadores muitas vezes do crime (…) 50, 70, 120, 150 corpos que são da comunidade”.
A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) destacou que o modelo de segurança de Castro serve apenas à extrema direita.
“Não é uma política de segurança pública, é uma política de genocídio (…) não vai melhorar a vida de ninguém”, disse, defendendo investimento contínuo em serviços públicos nas comunidades.
O vereador Roberto Robaina (PSOL) reforçou o caráter estrutural da violência. Em um estado precarizado, sem investimento social, “mais de 130 mortos, jovens, sem perspectiva, foram assassinados sem julgamento”, denunciou. Para ele, a “guerra às drogas” funciona como instrumento de repressão e controle social, protegendo apenas as elites.
Entre punhos erguidos e tambores, a mensagem ecoou em todas as capitais que saíram às ruas: vidas negras importam – e o Brasil não aceitará a naturalização da barbárie estatal.











