3 de dezembro, um dia para reafirmar a luta e lembrar aqueles que abriram o caminho para estarmos aqui
3 de dezembro é o Dia Internacional de Luta das Pessoas com Deficiência
Hoje, dia 3 de dezembro, é o Dia Internacional de Luta das Pessoas com Deficiência. Essa data foi criada em 1992 pelas Nações Unidas com o objetivo de conscientizar a respeito das barreiras que essas pessoas vivenciam cotidianamente e também a necessidade de seguir na luta pela equiparação de direitos.
De acordo com o Censo demográfico de 2022, o Brasil tem 14,4 milhões de Pessoas com deficiência, o que representa 7,3% da população com 2 anos ou mais vivendo com alguma deficiência. Esses dados foram divulgados pelo IBGE em maio de 2025.
A data é essencial para falar a respeito dos direitos, das pautas e das reivindicações desses sujeitos, contudo, nós em conjunto com outras companheiras, temos sentido a necessidade de fomentar o debate da importância daqueles que vieram antes de nós e que abriram os caminhos para que na atualidade nós pudéssemos continuar lutando e também conhecer a história do Movimento e de seu surgimento que a grande maioria da população não conhece.
De acordo com DINIZ, 2010, destaca que Paul Hunt, um sociólogo com deficiência física, foi um dos precursores do modelo social da deficiência no Reino Unido nos anos 1960. O escrito de maior impacto do sociólogo de acordo com a autora, foi a carta que ele remeteu ao jornal inglês The Guardian, em 1972, nela ele destacava que as pessoas com lesões físicas estavam isoladas em instituições, as quais suas opiniões são ignoradas, as condições são ruins, são sujeitas ao autoritarismo e também a regimes cruéis. Nesse sentido, ele sugeria a criação de um grupo de Pessoas com deficiência para levar ao parlamento as demandas do grupo.
A partir da carta, outros sociólogos responderam o pedido da proposta de criação de um grupo e 4 anos depois surgiu a primeira organização política desse tipo, a Liga dos Lesados Físicos Contra a Segregação (UPIAS).
Diversos autores que estudam sobre a deficiência, apontam que é muito difícil reconhecer a Upias como a primeira organização de pessoas com deficiência, pois existiam diversas instituições para pessoas cegas, surdas e com outras deficiências a pelo menos dois séculos. Entretanto, a organização foi a primeira sendo formada, gerida e articulada por pessoas com deficiência para tratar da temática.
Ainda de acordo com a mesma autora, a originalidade da Upias estava em questionar o modelo médico da deficiência, trazendo também a necessidade de debater como o capitalismo tem isolado e afastado as pessoas com deficiência do imaginário social a partir de uma ideia de corpos funcionais que servem para produzir para o sistema.
A segunda geração de intelectuais, principalmente composta por mulheres com deficiência, mães de pessoas com deficiência, profissionais e cuidadoras, fomentaram a necessidade de colocar o debate a respeito da raça, gênero, cuidado e deficiência. Salientando, inclusive, que é necessário pensar que algumas Pessoas com deficiência teriam a necessidade de receber cuidados durante toda a sua vida e que este seria realizado por mulheres, devido a construção de uma sociedade machista e patriarcal, por isso, era preciso falar a respeito da ética do cuidado.
Essas mulheres valorizavam a importância da Upias, mas destacavam as possíveis críticas, tendo em vista que esta organização em sua base era composta majoritariamente por intelectuais, homens, com deficiência física, brancos, por isso a necessidade de ampliação do debate.
Nesse sentido, essas primeiras gerações de teóricos com deficiência, foram fundamentais para fomentar a discussão da deficiência, partindo de dentro, questionando o papel as vezes opressor das instituições, as quais não ouviam esses sujeitos e também trazer a possibilidade dessas pessoas serem consideradas como sujeitos que tem vontade própria, que tem desejos, vontades e necessidades.
Assim, é essencial compreender que a luta é coletiva, por mais que seja complexo unir todos estes sujeitos, devido a precariedade de suas condições de vida e a falta de acessibilidade, salientar também que é preciso discutir esta pauta no cotidiano dos movimentos sociais e não somente nas datas comemorativas, reconhecer a importância dos intelectuais políticos que estudam e trazem as questões referentes a deficiência, compreendendo que é necessário fortalecer esses sujeitos, os quais nos fazem refletir a respeito dos estudos da deficiência.
É preciso celebrar os avanços e refletir sobre os desafios com seriedade, organizar as pessoas com deficiência para ocupar as ruas, tendo em vista que é a partir da movimentação nesses espaços que o movimento é fortalecido.