Prisões avançam no escândalo do INSS
Nova fase da operação Sem Desconto atinge cúpula da Previdência e revela a profundidade do esquema que roubou aposentados e pensionistasa
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram, nesta manhã, uma nova fase da operação Sem Desconto, que investiga um amplo esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. A ofensiva resultou na prisão de Adroaldo Portal, secretário executivo do Ministério da Previdência no governo Lula (PT), além de outros nomes ligados ao núcleo político e empresarial do escândalo.
Segundo apuração, Portal ficará em prisão domiciliar. Ele ocupava o cargo de número dois da pasta desde maio deste ano, quando o escândalo já havia vindo a público, e estava no ministério desde a gestão de Carlos Lupi (PDT), tendo sido mantido pelo atual ministro, Wolney Queiroz. Antes, foi secretário do Regime Geral de Previdência Social entre fevereiro de 2023 e maio de 2025.
A operação também cumpriu mandados de busca e apreensão contra o senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo Lula no Senado. De acordo com as investigações, Adroaldo Portal é apontado como alguém com ligação direta com o parlamentar e teria, inclusive, recebido em seu gabinete o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, figura central no esquema.
Entre os presos estão Romeu Antunes, filho do lobista, e Eric Fidelis, filho de André Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS. Conforme a Polícia Federal, a partir da quebra de sigilos, Eric teria recebido recursos, por meio de seu escritório de advocacia, de empresas ligadas ao Careca do INSS. Para os investigadores, trata-se de mais uma evidência de como o esquema se estruturou para drenar recursos públicos às custas dos mais pobres.
Ao todo, os agentes cumprem 16 mandados de prisão e 52 de busca e apreensão em sete estados – São Paulo, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Minas Gerais e Maranhão – além do Distrito Federal. A nova fase foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em nota, a PF informou que a operação busca aprofundar as apurações e “esclarecer a prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial”.
O caso expõe, mais uma vez, como esquemas de corrupção e lobby predatório se aproveitam de fragilidades institucionais para atacar direitos sociais históricos. Para movimentos sociais e especialistas em políticas públicas, a resposta do Estado precisa ser firme, garantindo punição exemplar aos responsáveis e a devolução dos valores roubados de aposentados e pensionistas.
Até o início da tarde desta quinta-feira, nem o senador Weverton Rocha nem o Ministério da Previdência haviam se manifestado sobre o caso.