PSOL exige investigação sobre agressões a jornalistas na Câmara
Deputado Fábio Felix (PSOL-DF) pede que PGR apure violência, censura e cerceamento sofridos por profissionais que cobriam retirada de Glauber Braga
Foto: Reprodução
Em resposta às violências sofridas por jornalistas na Câmara dos Deputados durante a retirada à força do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), o deputado distrital Fábio Felix (PSOL-DF), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal, apresentou uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo investigação ampla das agressões, censura e impedimento de cobertura jornalística no episódio de 9 de dezembro de 2025.
Felix afirma que, “conforme amplamente registrado por profissionais da imprensa, parlamentares e pelas próprias imagens que circularam publicamente, jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos foram física e verbalmente agredidos por agentes de segurança da Casa, impedidos de exercer sua função, expulsos do plenário e das galerias, e submetidos a constrangimentos ilegítimos”, em clara violação à Constituição e aos tratados internacionais de direitos humanos que asseguram a liberdade de expressão e de informação.
Durante a confusão – desencadeada após a resistência de Glauber Braga à tentativa de cassação de seu mandato – a Polícia Legislativa invadiu o plenário e expulsou jornalistas que cobriam os acontecimentos, em um momento em que a transmissão da TV Câmara foi interrompida abruptamente, impossibilitando a população de acompanhar os fatos em tempo real.
Relatos de profissionais que estavam no local detalham a truculência da ação, que envolveu agressões físicas. A repórter Débora Hana Cardoso, da Record, relatou ter sido empurrada e ferida por agentes da Polícia Legislativa enquanto tentava cobrir os acontecimentos. Da mesma forma, a jornalista Carolina Nogueira, do UOL, contou que além de empurrada, teve o pescoço apertado por um agente, sendo impedida de seguir trabalhando – bem como outros profissionais.
Organizações representativas da imprensa se manifestaram com notas duras contra o ocorrido. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal (SJPDF) classificaram o episódio como “extremamente grave”, denunciando a censura, as agressões físicas e a suspensão da transmissão institucional como um atentado à liberdade de imprensa e ao direito constitucional à informação.
Outras entidades, como a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Jornais (ANJ) e a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) também repudiaram o cerceamento ao trabalho jornalístico, afirmando que “o impedimento do trabalho de jornalistas e o corte de sinal da TV Câmara são incompatíveis com o exercício da liberdade de imprensa”.
Na sua representação à PGR, Fábio Felix destaca que a atuação dos policiais legislativos, longe de garantir a segurança e o funcionamento institucional, tornou-se um “instrumento de intimidação, agressão e cerceamento da atividade jornalística”, configurando possíveis ilícitos penais e atos de improbidade administrativa que precisam ser apurados com rigor.
O pedido inclui a oitiva de vítimas, parlamentares, agentes de segurança envolvidos e autoridades responsáveis pela sessão, além de requisição das imagens internas e registros oficiais da Câmara dos Deputados para identificar todas as responsabilidades nas esferas civil, administrativa e criminal.
Parlamentares feridos
Os deputados federais Glauber Braga (PSOL-RJ), Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-MG) também sofreram lesões causadas pela ação truculenta da Polícia Legislativa. Conforme exames realizados na quarta-feira (9) pelo Departamento de Atenção à Saúde da Câmara, Glauber apresentou traumatismos superficiais no ombro e no braço, resultado direto da força empregada pelos agentes para retirá-lo do plenário. Sâmia, que acompanhava o companheiro no protesto, sofreu traumatismos na mão e no punho, também provocados pelo empurrão e pelas agressões dos policiais legislativos.
A deputada indígena Célia Xakriabá foi uma das mais atingidas: segundo o laudo médico, ela sofreu entorse e distensão no tornozelo, precisando ser submetida a uma tomografia. As lesões reforçam a gravidade do episódio e evidenciam o uso desproporcional de força contra parlamentares democraticamente eleitos.