Não às tropas estadunidenses no Brasil! Abaixo o governo traidor de Bolsonaro e seus generais!
O PSOL, as organizações populares e dos trabalhadores devem mobilizar-se contra os exercícios que o governo traidor de Bolsonaro pretende fazer com tropas estadunidenses no Vale do Paraíba.
No último dia 13 de outubro, Jair Bolsonaro publicou decreto no Diário Oficial autorizando a presença de tropas estadunidenses em território nacional para a realização de uma operação de treinamento com oficiais da AMAN. O cenário dos exercícios militares será o Vale do Paraíba, mais precisamente entre as cidades de Resende (RJ) e Lorena (SP), durante o período de 28 de novembro a 18 de dezembro.
A autorização para que tropas estrangeiras façam uma operação em pleno território nacional é um atentado à soberania brasileira e um precedente gravíssimo, com a participação da cúpula militar, aninhada no governo em troca de suas gordas remunerações. Bolsonaro agora impõe uma nova humilhação ao país, após ter recebido, no início de julho, o diretor da CIA, William Burns, em reunião quase clandestina cujo teor se desconhece.
Corretamente, por iniciativa do deputado Glauber Braga, a bancada do PSOL e a executiva do partido manifestaram seu repúdio ao decreto do traidor Bolsonaro e de seus generais, e também exigiram que a justiça cancele a autorização da entrada das tropas estrangeiras no país. Trata-se de uma iniciativa importante, mas isolada. É fundamental que a esquerda assuma essa batalha e se mobilize contra mais um atentado à soberania do Brasil.
Além disso, é preciso denunciar que o decreto de autorização de entrada de tropas estrangeiras no Brasil foi baseado em vergonhosos acordos bilaterais com os Estados Unidos estabelecidos anteriormente pelos governos de Lula e Dilma. Mais uma vez, ficam a lição e os efeitos trágicos da política neoliberal, antinacional e entreguista com que o Brasil tem sido governado há décadas, inclusive por lideranças autoproclamadas “nacionais e populares” que se orgulham dos tapinhas nas costas, sorrisos e elogios recebidos de Bush e Obama mesmo depois das revelações de espionagem por agências estadunidenses como a NSA.
O nacionalismo farsesco de Bolsonaro
Milhões de trabalhadores foram enganados pelo projeto de Bolsonaro, com seu slogan “Brasil acima de tudo”. O nacionalismo é um discurso mobilizado pelas correntes fascistas e neofascistas para dar unidade a sua visão de mundo e mitologia. Mas a política desse governo grotesco não tem nada de nacionalista. Muito pelo contrário: Bolsonaro se compraz em bater continência e desfilar sob as bandeiras dos Estados Unidos e de Israel, numa postura tão abertamente traidora que foi poucas vezes vista na história brasileira.
Como se não fosse suficiente assistirmos a Paulo Guedes anunciar em inglês, nos Estados Unidos, que gostaria de “vender o Palácio do Planalto” ou entregar o Banco do Brasil para o Bank of America, temos um governo, cujo chefe ameaça o povo brasileiro com um golpe, loteado por altos oficiais que aceitam colocar um almirante brasileiro sob as ordens do comando da frota naval estadunidense e permitir a entrada de tropas ianques numa região estratégica, localizada justamente entre as duas maiores cidades do país.
O retrocesso na consciência e o papel da esquerda
É preciso alertar o povo brasileiro dos riscos que corremos. Bolsonaro é o representante de um governo de choque, disposto a destruir os direitos do povo e dos trabalhadores para satisfazer os negócios de uma burguesia, sediada no país ou no exterior, que busca uma atuação global, colocando os aparelhos de Estado a seu serviço. É o que se vê, por exemplo, com a captura de instituições como o ministério da Economia e do Banco Central, agora “autônomo”; com a autorização da venda da Eletrobrás e dos Correios; com o esquartejamento da Petrobrás e sua subordinação a acionistas minoritários, em particular fundos transnacionais sedentos por lucros e dividendos, que exigem a equiparação a preços internacionais dos preços do petróleo extraído, refinado e distribuído no Brasil.
Eis um governo de traidores, dispostos, se tiverem a oportunidade, a impor mais uma vez uma ditadura e a matar brasileiros para atender a seus amos locais e estrangeiros. Por isso, diante de uma crise internacional sem tréguas, que se arrasta há anos, e do recrudescimento de conflitos geoestratégicos, é fundamental retomar a defesa das bandeiras de soberania nacional. Mas não apenas de uma soberania nacional abstrata quando o capital é mundial: a defesa da autodeterminação dos povos e da soberania só pode ser realizada consequentemente por meio do aprofundamento dos vínculos internacionalistas com a classe trabalhadora em todo mundo. É contra ela, ao fim, que se organizam a ditadura do capitalismo, seus governos e exércitos.
Mas a luta em defesa da soberania, infelizmente, saiu da agenda das principais forças de “esquerda” que, quando governaram, se acomodaram e acumpliciaram com o grande capital e com suas expressões políticas imperialistas, mantendo ao mesmo tempo um discurso vazio sobre “política externa independente”. Agora, quando há um governo abertamente entreguista e traidor, esse retrocesso de consciência cobra sua conta. É papel do PSOL, das organizações populares e dos trabalhadores retomar a defesa dessa pauta programática, apoiada na luta e nas ruas. Um primeiro e bem-vindo exemplo seria uma forte condenação e mobilização contra os exercícios que o governo traidor de Bolsonaro pretende fazer com tropas estadunidenses.