Contra a reforma das aposentadorias, contra Macron, mobilização geral!
O povo francês luta contra os novos ataques do presidente Macron.
8 meses após a sua apertada reeleição, o presidente Macron quer impor ao mundo do trabalho da França uma nova (e mais radical) reforma das aposentadorias. Trate-se de estabelecer 64 anos como idade mínima de aposentadoria e exigir de do trabalhador de ter contribuído durante 43 anos para receber uma aposentadoria integral (ela mesmo uma fração do salário da atividade).
Partidos de esquerda e sindicatos está unânimes contra esta reforma. Até mesmo a líder da extrema-direita Marine Lepen, receosa por seu capital eleitoral, hesite em embarcar na onda do Macron.
Sabemos que, no final das contas, será a reação do mundo do trabalho, sua capacidade de mobilização e organização que vão definir da saída deste confronto. Após anos de declínio e capitulações, a esquerda saiu mais à esquerda, mas unida, mas anticapitalista das eleições de 2023. Agora ela terá que confirmar na luta contra esta reforma injusta.
Publicamos a seguir o comunicado do NPA.
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A reforma das aposentadorias planejada por Macron e [a primeira-ministra] Borne será um desastre para o mundo do trabalho. A lógica é sempre a mesma: nos matar no trabalho (a esperança de vida em boa saúde é de 63 anos em França…) e baixar o montante das aposentadorias. Já chega! Durante anos, as reformas das pensões têm sido injustas. Este novo ataque deve ser rechaçado, e devemos voltar a ter aposentadoria integral aos 60 anos de idade, após 37,5 anos de contribuições.
A reforma das aposentadorias é uma forma de reduzir a riqueza que pertence aos empregados e de a transferir para as grandes empresas: o governo confessou que quer utilizar esta reforma para reduzir drasticamente o imposto sobre as sociedades. Bruno Le Maire [ministro das finanças] já o tinha anunciado em junho durante uma entrevista na radi0: “Queremos continuar a baixar os impostos, para isso precisamos todos trabalhar mais, esse é o objetivo da reforma das aposentadorias, esse é o objetivo do seguro-desemprego, e tudo o que nos permita restabelecer as finanças públicas, baixar a dívida, baixar os défices públicos.
Recusamos que o dinheiro das contribuições para as aposentadorias seja transferido para empresas. As empresas CAC40 [principal índice bursátil da França] acabam de dar aos seus acionistas 80,1 mil milhões de euros em 2022! Eles não precisam do nosso dinheiro, e as isenções de contribuições concedidas aos empregadores (64 mil milhões segundo um estudo recente realizado por investigadores em Lille) devem ser suspensas, a fim de reabastecer os cofres da Segurança Social.
Parar o aumento de todos os rendimentos!
Claramente, Macron quer nos fazer pagar pela crise económica a qualquer custo, baixando os nossos rendimentos. Com uma inflação de 14,6% nos produtos do dia-a-dia (até 25 ou mesmo 33% em alguns produtos), para não falar da energia, milhões de nós estão quebrados. Entretanto, os ricos estão se saindo bem e enriquecendo, com fortunas indecentes acumuladas nos últimos anos, inclusive no auge da crise de saúde.
A riqueza está lá, e temos de a recuperar! Isto requer um aumento de todos os rendimentos (sejam salários, aposentadorias, subsídios de desemprego ou outros benefícios) de 400 euros, a fim de fazer face aos aumentos de preços. Estes rendimentos devem também ser indexados aos preços dos bens de primeira necessidade, porque quando os preços sobem, todos os nossos rendimentos devem seguir. Finalmente, o salário-mínimo deve ser aumentado para pelo menos 1.800 euros líquidos.
Vamos enfrentar Macron e o seu mundo
Ao nos atacar, o governo e os patrões querem esvaziar os nossos bolsos, e esperam nos afogar. Apostam que as reações, particularmente por parte dos sindicatos, serão fracas, para que se possam apressar a votar a reforma na Assembleia Nacional com o apoio de toda a direita.
Pela nossa parte, esperamos que este ataque sirva de gatilho para todas as nossas iras: salários e qualquer rendimentos baixos demais, condições de trabalho piorando, serviços públicos em colapso, a começar pelos da saúde, e aumento dos preços dos transportes públicos. Por ocasião desta batalha das aposentadorias, temos a oportunidade de expressar a nossa rejeição de Macron e deste governo ilegítimo, para que os explorados e oprimidos tomem nas suas próprias mãos os seus destino, para se livrarem desta sociedade de crises.
Mobilização geral!
Na terça-feira, 17 de janeiro, os trabalhadores da educação estarão em greve em defesa dos empregos e das aposentadorias. Na quinta-feira, 19 de janeiro, terá um primeiro dia de greve interprofissional, convocada pela união dos sindicatos. No sábado, 21 de janeiro, terá lugar uma manifestação nacional, em particular a convite de várias organizações juvenis.
Estas primeiras datas são importantes e temos de começar já a prepará-las. E para vencer, teremos de construir um movimento global: teremos de nos mobilizar nos nossos locais de trabalho e escolas, nos nossos bairros, entre os jovens, para manifestar, para nos organizar em assembleias gerais e coordenações interprofissionais, para construir uma greve com folego e manifestações de massas, e fazer recuar o governo.