Novo caso de trabalho análogo à escravidão no RS
Deputada Luciana Genro anuncia novas ações da Comissão de Direitos Humanos contra esse tipo de crime no Estado
Em menos de 60 dias, o Rio Grande do Sul registra o terceiro caso de trabalho em situação análoga a escravidão, o segundo na Serra. Conforme a Polícia Federal (PF) quatro trabalhadores argentinos – incluindo um adolescente de 14 anos – eram explorados no corte de eucaliptos para a produção de lenha em Nova Petrópolis.
O caso foi denunciado por dois homens que procuraram o Batalhão de Polícia Militar em Bom Princípio (RS), distante cerca de 40 quilômetros do município. Segundo o gerente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) da Serra, Vanius Corte, os dois trabalhadores, de 24 e 45 anos, chegaram a Nova Petrópolis em agosto de 2022. O combinado é que seriam pagos ao fim do serviço, porém, nunca receberam salário, apenas alimento. A moradia do quarteto era insalubre.
“Eles não tinham alojamento, eles estavam acampados. Era uma barraca de lona, sem água potável, sem banheiro, sem cozinha. Comida eles faziam em uma chapa em cima de umas pedras. Mínimas condições, nada adequado. Ficou completamente caracterizada essa condição degradante do trabalho pelo próprio local onde eles viviam enquanto trabalhavam”, disse Corte ao site G1.
Segundo Corte, os quatro estavam em situação ilegal no Brasul e queriam retornar a Argentina. O MTE encaminhou o grupo para a Fundação de Assistência Social (FAS), em Caxias do Sul, até que possam voltar ao país de origem.
A Polícia Federal prendeu em flagrante o sujeito que seria responsável pelas atividades dos imigrantes. A corporação acrescentou que ele teria sido contratado pelo dono da propriedade onde os quatro cortavam as árvores.
A deputada estadual Luciana Genro, presidenta estadual do PSOL e integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, acrescenta que o alojamento ficava em uma área de mata, onde o grupo foi abandonado. Ela afirma que os parlamentares intensificarão ações contra esse tipo de exploração.
“Tenho acompanhado casos desse tipo e levei o assunto a uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos. O meu colega deputado do PSOL, Matheus Gomes, coordena uma Comissão externa que servirá como instrumento na luta contra estes absurdos. Também estou buscando punições mais rígidas para quem comete esse crime, com meu projeto que cancela o cadastro do ICMS de empresas envolvidas com estas práticas, o que inviabilizaria suas atividades econômicas. O combate a este crime horrendo precisa seguir sempre!”, afirmou.