No Níger, nem os generais nem a CEDEAO
A Ugandan soldier of 341 Battalion serving with the African Union Mission in Somalia (AMISOM) holds a rocket-propelled grenade at sunrise 30 April 2012, on the frontline near the main road on the northern edge of Maslah Town, the northern city limit of the Somali capital Mogadishu. More: AMISOM troops, now numbering 11,400 out of a mandated total of 17,731, supporting forces of the Transitional Federal Government have driven the Al-Qaeda-linked extremist group Al Shabaab out of the Somali capital where life is returning to the seaside city after years of conflict and Somalis are enjoying the longest period of relative peace not experienced since 1991. AU-UN IST PHOTO /STUART PRICE. Original public domain image from <a href="https://www.flickr.com/photos/au_unistphotostream/6997958150/" target="_blank" rel="noopener noreferrer nofollow">Flickr</a>

No Níger, nem os generais nem a CEDEAO

Embora os golpistas não representem, de forma alguma, uma alternativa para o Níger, as sanções econômicas e as ameaças de intervenção militar da CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), apoiadas por Macron, são um perigo real para a população

Paul Martial 15 set 2023, 15:16

Foto: Rawpix.com

Via International Viewpoint

O general Abdourahamane Tiani, chefe da guarda presidencial, não é exceção à regra, justificando seu golpe de Estado em nome da proteção da pátria. Os outros oficiais superiores dos vários corpos do exército seguiram o exemplo para evitar um banho de sangue, segundo eles. Quanto ao presidente deposto Mohamed Bazoum, ele ainda está preso no porão do palácio.

GANÂNCIA E DEMAGOGIA

No entanto, a maioria dos golpistas contribuiu para as políticas adotadas durante anos por Bazoum, como Salifou Modi, o ex-chefe de gabinete que agora é vice-presidente da junta.

Além das declarações grandiloquentes, os motivos do golpe são mais prosaicos. O desejo de Bazoum de reorganizar completamente a guarda presidencial poderia custar a Tiani um cargo que ele ocupou por mais de uma década e que o enriqueceu consideravelmente.

Ao contrário de seus pares em Mali e Burkina Faso, os golpistas do Níger fazem parte da elite governante do país.

Além disso, dentro de alguns meses, o Níger deverá se tornar um grande exportador de petróleo, um fato que está despertando muita inveja nas várias esferas do poder.

O General Tiani está explorando habilmente o desejo de mudança e a exasperação do povo do Níger diante de uma situação social e econômica que continua a se deteriorar. E a CEDEAO está tornando sua tarefa muito mais fácil.

UMA CAMARILHA CHAMADA CEDEAO*

A CEDEAO instituiu um bloqueio econômico total. O presidente da Nigéria, que também preside a organização regional, parou imediatamente de fornecer eletricidade ao Níger. Nesse país sem litoral, como sempre, os primeiros a sofrer com essas sanções são as pessoas.

Organizações humanitárias, como o International Rescue Committee (Comitê Internacional de Resgate), estão pedindo a criação de corredores humanitários para fornecer medicamentos e apoio nutricional, que estão começando a faltar.

A CEDEAO, que é dirigida por chefes de Estado, está excedendo amplamente suas prerrogativas. Na verdade, o Tribunal de Justiça da União Econômica e Monetária da África Ocidental (UEMOA) já havia decidido que as sanções contra Mali eram ilegais.

Não satisfeita em estabelecer um bloqueio econômico, a CEDEAO está planejando uma intervenção militar em nome da democracia. É difícil levar a sério líderes que se mantêm no poder em seus próprios países adulterando a constituição e manipulando eleições.

POLÍTICA AGRESSIVA

Muitos estão preocupados com o curso belicoso da CEDEAO. As organizações da sociedade civil, embora não apoiem os golpistas, se opõem à intervenção armada, que não resolveria nada de substancial. O Conselho de Paz e Segurança da União Africana também se opõe. A Argélia, ciente do risco de desestabilizar a região, está tentando promover uma transição política. Os EUA também relutam em tomar medidas armadas. Apenas um belicista se destaca: Emmanuel Macron. Ele afirma ser o arauto da democracia, embora tenha endossado todos os erros eleitorais de seus amigos, os autocratas africanos.

As últimas revelações do Le Monde deixam de lado o clichê de que a Françafrique ficou para trás. Ficamos sabendo que as tropas francesas estacionadas no Níger para combater os jihadistas estavam prontas para lançar um golpe de força para libertar Mohamed Bazoum. Foi somente a recusa de Bazoum em fazer isso que impediu a intervenção. Macron já havia usado tropas francesas da Operação Barkhane no Chade para bombardear colunas de rebeldes chadianos que não tinham nada a ver com os jihadistas a fim de salvar o ditador Déby.

Dada a instabilidade em vários países africanos de língua francesa e a política belicosa de Macron, a exigência de que as tropas francesas deixem a África é uma das questões mais urgentes do momento.

* Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental


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