Homenagem a Mercedes
No último dia 25 de janeiro, perdemos Maria Mercedes Salgado de Azevedo – ou apenas Maria Mercedes, pioneira na criação do Comitê de Solidariedade ao Povo da Nicarágua
Foto: Reprodução
No último sábado, 25 de janeiro, nos deixou Maria Mercedes Salgado de Azevedo. Para os companheiros e camaradas, simplesmente Maria Mercedes.
A conhecemos na luta internacionalista em defesa do povo nicaraguense. Maria recebeu os militantes e dirigentes do MES com a generosidade de uma mulher que nasceu e se formou militante na Nicarágua, e vindo ao Brasil, não abandonou suas raízes e seguiu militando toda a vida em defesa da Revolução Sandinista e de seus ideais.
Maria foi pioneira na criação do Comitê de Solidariedade ao Povo da Nicarágua em 2018. Naquele ano, o povo nicaraguense, indignado com os ataques da ditadura de Daniel Ortega, saiu a protestar – e a resposta do governo foi um massacre seguido de desaparições forçadas, prisões, tortura e exílios. Com esta mesma força e ânimo, Maria Mercedes manteve vivo o comitê.
Como umas das fundadoras do Comitê, teve importância fundamental na defesa do povo nicaraguense e na denúncia da traição de Daniel Ortega aos princípios que inspiraram a Revolução Sandinista. Em 2021, após uma farsa eleitoral que contou com a cumplicidade de boa parte da esquerda latino-americana (incluindo PT e PC do B), o regime de Ortega e Murillo perseguiu opositores, endureceu dramaticamente a repressão, prendeu vários ex-guerrilheiros – entre os quais Monica Baltodano e Dora Maria Teles – e exilou outros tantos.
Mesmo enfrentando uma doença traiçoeira, seguiu firme na luta com toda a energia que tinha. Fomos, desde 2019, estreitos colaboradores para levar adiante o Comitê de Solidariedade. Ela participou, como convidada, do ato de comemoração dos 20 anos de nossa organização. Esteve junto a Eric Toussaint, Michel Lowy, Tito Prado e outros tantos convidados internacionais. Em 2023, participou da Conferência Nacional do MES e de outras atividades, sempre com lucidez política frente à ditadura de Daniel Ortega. Com sandinismo crítico, diferenciada da política dos setores alentados pelos EUA, Maria Mercedes se tornou uma grande amiga de nossa organização e foi muito querida e admirada por todos os militantes que a conheceram e estiveram com ela.
Maria Mercedes foi fundamental, em 2023, junto ao Comitê Brasileiro de Solidariedade com a Nicarágua e o MES, para a vinda da comandante guerrilheira Monica Baltodano ao Brasil. Foi ela quem ergueu pontes que viabilizaram reuniões e encontros com dirigentes históricos da esquerda brasileira.
Ficamos orgulhosos de ter a Mercedes como amiga, companheira e junto a ela ser parte dessa trajetória de luta e coerência com a Revolução Sandinista. Uma das mais importantes revoluções populares da América Latina. Não te esqueceremos. Hasta la victoria siempre!