Estados Unidos Hoje da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco

Na semana passada, a líder política britânica Zarah Sultana visitou a cidade de Nova York, nos Estados Unidos. Na quinta-feira (27), ela participou de um evento com a militância do Democratic Socialists of America (DSA), em Manhattan, acompanhada da deputada estadual Phara Souffrant e do senador estadual Jabari Brisport, ambos ligados ao DSA.

A visita ocorreu em um momento emblemático. Há poucas semanas, ao lado de Jeremy Corbyn, Sultana iniciou, no Reino Unido, o processo de conformação de um novo partido da esquerda radical. Com o nome provisório de Your Party (“Seu Partido”), a iniciativa já conta com a adesão de mais de 800 mil britânicos, com expressiva participação da juventude.

Zarah Sultana é símbolo de uma geração. Hoje, aos 31 anos, foi eleita para o Parlamento Britânico pela primeira vez em 2019, por meio do Partido Trabalhista, durante o curto período em que este foi liderado por Corbyn. Filha de imigrantes paquistaneses, sua voz é uma das mais reconhecidas na luta em defesa da Palestina e na denúncia do racismo, da desigualdade social e da destruição climática. Em decorrência disso, em 2025, Sultana rompeu com o Partido Trabalhista britânico, cujo atual primeiro-ministro, Keir Starmer, aplica medidas conservadoras e neoliberais no país, além de ser cúmplice do genocídio em Gaza. Um ano antes, Corbyn havia sido expulso da legenda.

Ao visitar os Estados Unidos, Sultana fortaleceu os laços internacionais de sua liderança. Mais do que isso, motivou no ativismo estadunidense a reflexão a respeito dos paralelos entre a realidade dos dois países.

Mesmo sendo duas potências imperialistas, tanto o Reino Unido quanto os Estados Unidos vivenciam atualmente uma crise que afeta o horizonte da classe trabalhadora. Nesse contexto, a extrema-direita ganha peso, elencando os imigrantes como inimigos imaginários. Por sua vez, a luta em defesa da Palestina tornou-se, em ambos os países, um critério definidor no campo político, sendo uma questão de princípio para a esquerda e os socialistas, em oposição, nesse caso, tanto à extrema-direita quanto à burguesia liberal.

Guardadas as diferenças, a luta de Sultana e Corbyn para erguer um autêntico partido socialista no Reino Unido — alternativo ao Partido Trabalhista, que entrou em crise — é a mesma luta do DSA nos Estados Unidos, cujo horizonte é romper com o Partido Democrata e apresentar à classe trabalhadora um projeto novo, radical, coerente e socialista. Além disso, a visita aconteceu em Nova York, cidade que, em breve, poderá ser liderada por Zohran Mamdani, em uma experiência política desafiadora e importante.

Essa foi a energia presente no evento de quinta-feira, que reuniu 200 pessoas.

Sultana, o Your Party e o DSA indicam um caminho: o futuro da esquerda socialista depende da afirmação radical do seu projeto, do enfrentamento audaz ao capitalismo e a seus efeitos, do internacionalismo e da defesa ampla da classe trabalhadora, dos imigrantes e de todos os oprimidos.

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