Sâmia propõe barrar de licitações empresas condenadas por assédio moral  
assédio moral

Sâmia propõe barrar de licitações empresas condenadas por assédio moral  

Projeto de lei cria filtro ético para contratos públicos e reforça combate à violência laboral; proposta aponta assédio moral como “uma das formas mais cruéis de violência”

Redação da Revista Movimento 12 dez 2025, 08:00

Foto: Reprodução

A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) apresentou o Projeto de Lei 6.020/2025, que pode transformar a relação entre o Estado brasileiro e seus fornecedores. A proposta determina que empresas condenadas por assédio moral fiquem impedidas de participar de licitações e de firmar contratos com a Administração Pública, criando um novo patamar de exigência ética para quem pretende prestar serviços ao poder público.

O texto altera a Lei 14.133/2021, a nova Lei de Licitações, e se soma aos mecanismos já existentes que barram empresas envolvidas em trabalho infantil ou em condições análogas às de escravidão. Para Sâmia, é hora de tratar o assédio moral no ambiente laboral com a mesma seriedade.

Na justificativa, a deputada afirma que o assédio moral constitui “uma das formas mais cruéis de violência no ambiente laboral”, lembrando que a prática “atenta diretamente contra a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho”, fundamentos expressos no artigo 1º da Constituição.

Assédio moral como problema estrutural

A proposta destaca que o assédio moral é um problema que gera danos emocionais, econômicos e institucionais, afetando tanto trabalhadores quanto o Estado. A justificativa aponta que situações de abuso resultam em afastamentos, adoecimento, pressão sobre a Previdência Social e sobre a Justiça do Trabalho, que lida com um crescente volume de ações.

Como escreve Sâmia, “a gravidade do assédio moral no país é alarmante e seus custos são incalculáveis”. Para a deputada, o tema exige uma resposta firme: “o assédio moral é um problema estrutural que demanda uma resposta contundente do Estado brasileiro.”

Filtro ético e responsabilidade do Estado

Ao defender que empresas condenadas fiquem impedidas de concorrer em licitações por até cinco anos após a condenação definitiva, o projeto reforça um princípio básico: o Estado não pode financiar práticas abusivas.

A justificativa sublinha que empresas condenadas por condutas desse tipo demonstram “um profundo desrespeito ao seu capital humano”, o que as torna incompatíveis com os princípios da administração pública, especialmente o da moralidade e o da eficiência, previstos no artigo 37 da Constituição. Além da punição, o PL busca prevenção e proteção. 

“A exclusão dessas empresas funciona como um mecanismo de punição, prevenção e proteção dos trabalhadores”, afirma o texto, ressaltando que o poder público tem responsabilidade direta na promoção de ambientes de trabalho seguros e em linha com os direitos humanos.

Estado como indutor de mudança cultural

Sâmia Bomfim defende que o poder público utilize seu poder de compra como instrumento de transformação social. Em sua justificativa, afirma que é necessário aplicar “um critério de idoneidade moral e social” às empresas que disputam contratos, incentivando um ambiente corporativo mais ético.

O projeto prevê que companhias condenadas por assédio moral – inclusive em ações coletivas – sejam impedidas de participar de editais enquanto perdurar o período de restrição, reforçando o entendimento de que o Estado deve contratar apenas fornecedores que respeitem a dignidade dos trabalhadores.

Segundo a deputada, a medida valoriza empresas que investem em ambientes saudáveis e reforça o compromisso do poder público com relações de trabalho dignas: 

“É imperativo que o Poder Público utilize seu poder de compra para promover uma mudança cultural no ambiente corporativo, valorizando as empresas que investem em um ambiente de trabalho saudável e ético.”

Tramitação pela Câmara

A proposta aguarda distribuição para as comissões temáticas da Câmara dos Deputados, onde deverá ser analisada antes de seguir para o plenário. Setores progressistas consideram o PL um avanço na luta contra a violência no trabalho e na construção de um Estado que não tolere práticas abusivas — especialmente em um país marcado por desigualdades e por estruturas de poder historicamente desfavoráveis aos trabalhadores.

Para além do aspecto técnico, o projeto ecoa uma agenda central da esquerda: colocar a dignidade humana no centro das decisões públicas.


TV Movimento

Encontro Nacional do MES-PSOL

Ato de Abertura do Encontro Nacional do MES-PSOL, realizado no último dia 19/09 em São Paulo

Global Sumud Flotilla: Por que tentamos chegar a Gaza

Importante mensagem de três integrantes brasileiros da Global Sumud Flotilla! Mariana Conti é vereadora de Campinas, uma das maiores cidades do Brasil. Gabi Tolotti é presidente do PSOL no estado brasileiro do Rio Grande do Sul e chefe de gabinete da deputada estadual Luciana Genro. E Nicolas Calabrese é professor de Educação Física e militante da Rede Emancipa. Estamos unindo esforços no mundo inteiro para abrir um corredor humanitário e furar o cerco a Gaza!

Contradições entre soberania nacional e arcabouço fiscal – Bianca Valoski no Programa 20 Minutos

A especialista em políticas públicas Bianca Valoski foi convidada por Breno Altman para discutir as profundas contradições entre a soberania nacional e o arcabouço fiscal. Confira!
Editorial
Israel Dutra | 11 dez 2025

Um salto de qualidade nos ataques

Pelo mandato de Glauber, pelas liberdades democráticas, pelo povo e contra a extrema direita: todos às ruas em 14 de dezembro
Um salto de qualidade nos ataques
Publicações
Capa da última edição da Revista Movimento
A ascensão da extrema direita e o freio de emergência
Conheça o novo livro de Roberto Robaina!
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Conheça o novo livro de Roberto Robaina!

Autores