Via Europe Solidaire

Este poder dominante foi baseado nas promessas de paz e estabilidade, e acabou levando o país à guerra e à catástrofe econômica.

Como qualquer outra guerra na história, a atual divide a todos em duas partes: prós e contras. A propaganda do Kremlin está tentando nos convencer de que a nação inteira se mobilizou em torno do poder dominante. E antepassados miseráveis, liberais pró-ocidentais e mercenários do inimigo externo estão lutando pela paz. É uma mentira completamente insustentável. Desta vez, os anciãos do Kremlin estavam em minoria. A maioria dos russos não quer uma guerra fratricida, mesmo entre aqueles que ainda confiam nas autoridades russas. Eles fecham os olhos para não ver o mundo desenhado por propagandistas se desmoronar. Eles ainda esperam que o que está acontecendo não seja uma guerra, especialmente não agressiva, mas uma “operação especial” destinada a “libertar” o povo ucraniano. Imagens terríveis de bombardeios brutais e bombardeios de cidades logo destruirão estes mitos. E então até mesmo os eleitores mais leais de Putin dirão: não demos o nosso consentimento a esta guerra injusta!

Mas já agora, dezenas de milhões de pessoas em todo o país estão horrorizadas e enojadas com o que a administração de Putin está fazendo. Estas são pessoas de crenças diferentes. A maioria delas não são nada liberais, como afirmam os propagandistas. Entre eles há muitas pessoas de esquerda, socialistas ou comunistas. E, é claro, essas pessoas – a maioria de nosso povo – são patriotas sinceros de nossa pátria.

Mentem dizendo que os opositores desta guerra são hipócritas. Que eles não são contra a guerra, mas apenas em apoio ao Ocidente. É uma mentira. Nunca fomos partidários dos Estados Unidos e de sua política imperialista. Quando as tropas ucranianas bombardearam Donetsk e Lugansk, nós não ficamos em silêncio. Não fiquemos em silêncio mesmo agora que Kharkiv, Kiev e Odessa são bombardeados sob as ordens de Putin e sua camarilha.

Há muitas razões para lutar contra a guerra. Para nós, defensores da justiça social, da igualdade e da liberdade, várias delas são especialmente importantes.

• É uma guerra de conquista injusta. Não houve e não há tal ameaça ao Estado russo pela qual foi necessário enviar nossos soldados para matar e morrer. Hoje eles não “libertam ninguém”. Eles não ajudam o movimento de nenhuma pessoa. É só que o exército regular está esmagando cidades pacíficas da Ucrânia por ordem de um punhado de bilionários que sonham em manter seu poder sobre a Rússia para sempre.
• Esta guerra leva a inúmeros desastres para nossos povos. Tanto os ucranianos quanto os russos pagam caro por ela com seu sangue. Mas mesmo muito longe na retaguarda, a pobreza, a inflação, o desemprego afetarão a todos. As contas serão pagas não por oligarcas e oficiais, mas por pobres professores, trabalhadores, aposentados e desempregados. Muitos de nós não teremos nada para alimentar as crianças.
• Esta guerra vai transformar a Ucrânia em ruínas e a Rússia em uma grande prisão. Os meios de comunicação da oposição já estão fechados. As pessoas são jogadas atrás das grades por panfletos, piquetes inofensivos, até mesmo por postagens nas redes sociais. Em breve os russos terão apenas uma opção: entre a prisão e o escritório de registro do alistamento militar. A guerra traz consigo uma ditadura que as gerações vivas ainda não viram.
• Esta guerra aumenta significativamente todos os riscos e ameaças ao nosso país. Mesmo aqueles ucranianos que simpatizaram com a Rússia há uma semana agora se alistam na milícia para combater nossas tropas. Com sua agressão, Putin anulou todos os crimes dos nacionalistas ucranianos, todas as intrigas dos falcões americanos e da OTAN. Putin lhes deu argumentos tais que novos mísseis e bases militares quase certamente apareceriam ao longo do perímetro de nossas fronteiras.
• Finalmente, a luta pela paz é um dever patriótico de todo russo. Não apenas porque somos os guardiões da memória da guerra mais terrível da história. Mas também porque esta guerra ameaça a integridade e a própria existência da Rússia.

Putin está tentando vincular firmemente seu próprio destino com o destino de nosso país. Se ele conseguir, sua derrota inevitável será a derrota de toda a nação. E então o destino da Alemanha do pós-guerra pode realmente esperar por nós: ocupação, divisão territorial, culto à responsabilidade coletiva.

Só há uma maneira de evitar estes desastres. A guerra deve ser detida por nós mesmos – homens e mulheres da Rússia. Este país nos pertence, não a um punhado de velhos loucos com palácios e iates. Chegou a hora de recuperá-lo. Nossos inimigos não estão em Kiev e Odessa, mas em Moscou. Está na hora de expulsá-los de lá. A guerra não é a Rússia. A guerra é Putin e seu regime. Portanto, nós, os socialistas e comunistas russos, somos contra esta guerra criminosa. Queremos detê-la para salvar a Rússia.

Não à intervenção!

Não à ditadura!

Não à pobreza!

03 de março de 2022

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