Racismo e perseguição política na Câmara Municipal de Curitiba

Racismo e perseguição política na Câmara Municipal de Curitiba

O Vereador Renato Freitas (PT) está sendo alvo de racismo e perseguição política por parte da Câmara Municipal de Curitiba.

Giana De Marco 12 maio 2022, 18:15

Na última terça-feira, 10/05/2022, foi votado no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) o processo ético disciplinar nº 1/2022 contra o Vereador Renato Freitas (PT) por conta de situação ocorrida durante manifestação política realizada em Curitiba/PR em 05/02/2022, a qual denunciava o racismo no Brasil após os brutais assassinatos de Moïse Kabagambe e Durval Teófilo Filho no Rio de Janeiro. Durante aquela manifestação, vários militantes, incluindo o vereador, adentraram à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, a qual estava aberta e vazia, e que é símbolo da história do povo negro em Curitiba, tendo sido originalmente erguida no Século XVIII por e para escravos. 

Os reacionários de Curitiba se sentiram incomodados, pressionando pela instauração de representação contra o vereador para pedir sua cassação.

Após escândalos de áudios vazados, vereadores sendo impedidos de votar ante evidente parcialidade, membros do conselho de ética sendo pressionados por Silas Malafaia pela cassação e até mesmo e-mails de conteúdo extremamente racista sendo enviados de endereço de um vereador para outro, veio o resultado pela cassação no Conselho, tendo sido 5 votos a favor, 1 contra e 1 pela suspensão do mandato por 6 meses.

Infelizmente não há surpresa no resultado, mas há estarrecimento diante da triste e desafiadora realidade que enfrentamos em Curitiba: temos uma das câmaras de vereadores mais conservadoras e reacionárias do país. O parlamento curitibano é composto em sua maioria por homens brancos, velhos e tradicionalmente de direita. Tem também caráter corporativista, pois ano após ano vereadores são pegos em escândalos milionários, alguns até condenados pela justiça, e seguem sendo protegidos pelos seus pares, sem qualquer represália, colocando seus interesses pessoais à frente dos interesses do povo.

Quanto à cassação, essa ainda será levada a plenário, mas não há esperanças de reversão. Já presenciamos em outros momentos o quanto a formação atual do parlamento curitibano é extremamente elitista e racista, a exemplo quando há dois meses ficamos escandalizados com os ataques proferidos à memória de Marielle Franco quando votado projeto de lei para dar seu nome à uma escola na cidade.

A cassação do mandato de Renato nada tem a ver com a alegada quebra de decoro parlamentar, isso foi apenas pretexto para tentar mascarar a verdade: trata-se de perseguição, de racismo, de tentativa de silenciamento de um parlamentar jovem, negro e periférico.

A derrota não é local, nem de apenas um militante ou de um grupo ou partido político, a derrota é do povo, pois demonstra o quanto nossa democracia é frágil e está à mercê de uma elite detentora do poder. Assim, para aqueles que seguem na luta antirracista, por justiça social e igualdade, e pelo fim do genocídio do povo preto, o cenário é desafiador e impõe resiliência.

O PSOL apoiou e segue apoiando por todo o Brasil de forma muito solidária a luta pela manutenção do mandato parlamentar conquistado pelo vereador por voto popular, e continuará se somando às manifestações de apoio e denúncia ao racismo e perseguição política na Câmara Municipal de Curitiba.


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Camila Souza