Equipe econômica pretende revogar os pisos da saúde e educação por conta do novo arcabouço
rvsa_abr_1409210335

Equipe econômica pretende revogar os pisos da saúde e educação por conta do novo arcabouço

Situação expõe falta de transparência da equipe sobre o futuro de dois dos mais importantes serviços públicos

David Deccache 25 maio 2023, 17:00

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A equipe econômica acabou de reforçar que pretende revogar os atuais pisos da saúde e educação por conta do novo arcabouço.

Uma das coisas mais lamentáveis no processo de aprovação do Novo Arcabouço Fiscal foi o caráter pouco democrático que a equipe econômica tratou os defensores da saúde e educação no processo. 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por exemplo, respondeu detalhadamente na Audiência Pública da Câmara dos Deputados os questionamentos da extrema direita sobre a nova regra fiscal, mas ignorou de forma nada respeitosa a pergunta da deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) sobre as pretensões da equipe dele para os pisos da saúde e educação. Uma falta de respeito à democracia e ao debate econômico necessário sobre o futuro de dois dos mais importantes serviços públicos.  

O questionamento surgiu porque os pisos da saúde e da educação, conforme conquistados pela luta da classe trabalhadora, têm garantia, na Constituição de 1988, de crescimento atrelado a 100% do aumento das receitas. Como o limite geral do novo teto é de 70% do crescimento das receitas, a velocidade de expansão atual da saúde e educação se torna incompatível.

De acordo com o site da EBC, a equipe econômica diz que “esses pisos criam problemas porque os gastos totais do governo estão submetidos a uma regra geral, que era o teto de gastos e será substituída pelo novo arcabouço fiscal. Dessa forma, caso os gastos com uma das duas áreas (educação e saúde) cresçam mais que a média das despesas, sobra uma fatia menor para outros tipos de gastos”.

Ainda afirmam que “segundo Ceron, eventuais mudanças nos pisos com saúde e educação serão discutidas com os setores do governo. As alterações ocorreriam por meio de emenda Constitucional e seriam discutidas ao longo de 2024”

Hoje, conforme afirmado de forma nada transparente pelo Secretário do Tesouro, pretendem, sim, revogar os atuais pisos constitucionais da saúde e da educação. 

É claro, ele fez anunciou a intenção de forma um tanto quanto cínica, ao dizer que “Ninguém está discutindo tirar piso, reduzir, nada disso”. Como assim, secretário? É óbvio que está, secretário. Seja mais transparente, por favor. 

Conforme as outras matérias, a alteração é justamente para reduzir a velocidade de expansão atual conforme a Constituição prevê. Inclusive a regra que ele próprio cogita, de correção pelo PIB per capita, implica em redução brutal dos gastos constitucionais com essas áreas. 

Infelizmente, o ministro Haddad negou o diálogo sobre o tema com a esquerda quando teve a oportunidade. Poderia desmentir na audiência pública o que eu digo, mas se calou de forma nada ética – portanto apenas confirma a nossa denúncia. 

Deveria ter exposto a intenção antes da aprovação do Novo Arcabouço Fiscal. Espero que o faça o mais rápido possível para que o debate na sociedade, e agora no Senado, seja mais honesto e baseado em dados sérios também para setores como saúde e educação.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 19 nov 2024

Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas

As recentes revelações e prisões de bolsonaristas exigem uma reação unificada imediata contra o golpismo
Prisão para Braga Netto e Bolsonaro! É urgente responder às provocações golpistas
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi