Afinal, quando Chiquinho Brazão será cassado?
Câmara protela votação de perda de mandato de acusado de mandar matar Marielle. Deputado segue com gabinete ativo
Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados
A Câmara dos Deputados segue adiando a votação que pode cassar o mandato de Chiquinho Brazão, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018. No domingo (16), completaram-se 200 dias desde que o Conselho de Ética aprovou a perda de seu mandato, mas o caso continua parado, sem previsão para ser pautado no plenário.
A demora contrasta com outros processos de cassação, que ocorreram de maneira muito mais ágil. A ex-deputada Flordelis perdeu o mandato em 64 dias após a decisão do Conselho de Ética, enquanto Eduardo Cunha teve seu caso resolvido em 91 dias. A protelação no caso de Brazão levanta suspeitas sobre articulações nos bastidores para proteger o deputado ou evitar que o tema avance rapidamente.
A Câmara já autorizou sua prisão, como exige a Constituição, mas a cassação depende de uma votação que tem sido constantemente postergada. O ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), jogou a responsabilidade para os líderes partidários e não pautou o caso. Seu sucessor, Hugo Motta (Republicanos-PB), segue a mesma linha e também não indicou quando o assunto será votado.
A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) criticou a situação:
“Desde sua prisão, ele segue sendo deputado e, até agora, a votação da cassação não aconteceu”.
Já a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) reforçou: “Não podemos aceitar nenhuma manobra para impedir a votação da cassação de Brazão”.
Regalias na prisão
Mesmo atrás das grades, Brazão segue usufruindo de benefícios parlamentares. Entre abril e dezembro de 2024, manteve 28 assessores ativos, com um custo médio mensal de R$ 124 mil em verbas de gabinete. Hoje, continua com 24 funcionários. Além disso, mesmo preso, conseguiu assinar um requerimento para a criação da Frente Parlamentar Mista de Dados Abertos e Governo Digital, mostrando que sua atuação política segue ativa.
O caso Marielle Franco
O assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, foi um crime político que chocou o Brasil e teve repercussão internacional. Marielle, vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, era uma forte crítica da violência policial e das milícias. As investigações apontam que Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos Brazão e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, foram os mandantes do crime, visando silenciar a atuação política da parlamentar.