Lutamos porque precisamos!

Por que fazer greve?

Luciano Palagano 25 nov 2019, 15:11

Por que farei greve?

É claro que eu quero férias! Fechar o ano, descansar e relaxar um pouco depois de um ano tão atribulado! Mas, quem pode tirar férias enquanto tudo está sendo destruído? É como deitar na cama e dormir, enquanto o prédio pega fogo e acreditar que, devido à força do pensamento, não se vai ser atingido! Não! É necessário tomar fôlego, levantar a cabeça, seguir em frente e, em alta voz, gritar: CHEGA!

Não é de agora que os profissionais da educação vêm sendo criminalizados, não é de agora que se constrói, junto à população, uma tentativa de criminalização do serviço público e dos servidores públicos!

Para justificar a destruição dos serviços públicos, coloca-se, contra os servidores, a mesma população que eles atendem.

Em hospitais, médicos, enfermeiros, enfermeiras fazem, muitas vezes, “vaquinha” para comprar o material necessário para o atendimento à população. Eu sei porque eu já vi isso acontecer, enquanto eu estava internado no Hospital das Clínicas em Curitiba! Essa mesma população, que acredita que aquele material (seringa, sondas, luvas, às vezes até remédios) estão lá porque o governo disponibilizou não sabe que, nem uma nem duas vezes, os próprios profissionais adquirem esse material, com o seu salário, para uso geral.

Nas escolas, levamos serviço para casa, precisamos organizar campanhas de arrecadação para complementar o orçamento escolar (rifas, festas, promoções), a pressão e o assédio moral têm se tornado tão grande que, nos últimos 5 anos, 40 profissionais da educação se suicidaram, aproximadamente 75% dos profissionais da educação tem algum quadro de adoecimento físico ou psicológico, somos uma categoria, cronicamente, doente.

Some-se às condições de trabalho a insistência do discurso político de certas figuras públicas e agrupamentos em colocarem, sobre o ombro dos profissionais da educação a responsabilidade sobre problemas sociais que eles, que nos acusam, são os causadores.

Nos últimos anos vimos, também, o nosso fundo previdenciário ser saqueado, enquanto recebíamos bombas e balas. Vimos escolas serem fechadas. Professores perderem o direito ao terço de hora atividade que é, justamente, o momento reservado para o preparo de aulas. O número de agentes (I e II) nas escolas ser, cada vez mais, reduzido enquanto a burocracia escolar se amplia e o processo de ensino aprendizagem vai ficando em segundo plano.

Perdemos direitos, fomos achincalhados, acusados de sermos o grande problema do Brasil. E nada disso acabou, muito pelo contrário, o que temos hoje é a continuidade de tudo isso, com o acréscimo do ataque à Educação no Campo com a junção de turmas e o fechamento de escolas, o fim do Ensino Médio Noturno, que vai dificultar o acesso, ao aluno que trabalha durante o dia, à educação. E, novamente, o nosso futuro é colocado em risco. O governo Rato quer mudar a previdência dos servidores, aumentando o tempo e a alíquota de contribuição. Ele afirma que o fundo tem problemas, mas ele não diz que quem criou estes problemas foi o próprio governo, que há mais de 8 anos não deposita a contrapartida obrigatória no fundo, que saqueou o fundo em 2015, que fez investimentos errados na Bolsa de Valores com o nosso dinheiro e perdeu quase um bilhão de reais, enquanto especuladores tinham lucro com um dinheiro que é nosso. Não! Ele não diz nada disso! Ele, o governo do Estado, criou os problemas e, agora, quer que nós arquemos com a conta.

Enfim, é por essas razões (e várias outras que não coloquei aqui, pois senão o texto ficaria ainda mais extenso) que eu digo novamente: Apesar do cansaço, físico e mental, precisamos ir à luta, de novo! Precisamos levantar a cabeça, nos mobilizarmos e dizer, de uma vez por todas: CHEGA! É a gota d´água! O copo transbordou e não aceitamos mais tantos ataques! É o nosso futuro que está em jogo! É a educação pública, a escola pública que está em jogo! E, por isso, além de irmos à luta, precisamos, também, denunciar o que ocorre para a comunidade. Pois quando se fala de fechamento de escolas, fim do ensino médio noturno, ataque à EJA, é o direito ao ensino por parte dos nossos alunos que está em risco. Ou seja, todos nós estamos sendo atacados. O ataque é geral, aos profissionais da educação e à comunidade como um todo! Por isso, juntos, precisamos dizer NÃO!

Por isso, caro colega, caro pai e mãe, caro aluno: eu estarei aderindo a greve à partir do dia 02/12 e peço que você se junte à esta luta, porque ela também é sua e, juntos, apenas juntos, seremos mais fortes!


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