Apresentação da Revista Movimento n. 4
O quarto número da Revista Movimento foi publicado no primeiro trimestre de 2017
Iniciamos o segundo ano de publicação de nossa revista Movimento. Para nós, é um motivo de comemoração a consolidação desta ferramenta teórico-política a serviço da formação de nossa militância, do debate de ideias com outras organizações políticas e intelectuais parceiros. Pretendemos, nos próximos meses, ir adiante, fortalecendo os meios de difusão de nossa revista, além de nossos números impressos trimestrais, para ocupar o espaço das redes, bem como estimulando a realização de debates e o intercâmbio de ideias num período em que fica evidente a necessidade de que a esquerda socialista ofereça saídas diante da crise nacional. Estaremos orientados nesta direção para a qual a permanência de nosso jovem projeto tem sido um bom sinal para o futuro.
Neste quarto número da revista, iniciamos nossas publicações direcionadas ao centenário da Revolução Russa. Pela importância evidente da data, muito já se está falando, escrevendo e reproduzindo a respeito, não apenas pelas organizações da classe trabalhadora, mas também pela imprensa burguesa e pela academia. Isto também mostra a força e a transcendência deste acontecimento que marcou o século XX e do qual ainda se podem extrair valiosas lições. Debater e reivindicar 1917 é lutar por seus significados. O passado reelabora-se no presente e no futuro. É tarefa das novas gerações militantes, senão redimir, aprender, inspirar-se e defender o legado de Outubro das deformações do stalinismo e de todos os detratores a serviço da sociedade de classes. Todos estes prestam uma homenagem aos bolcheviques e à heroica classe operária russa ao mostrar, há tantas décadas, que a revolução vive na medida mesma em que a dizem morta.
Para isso, nesta primeira aproximação, oferecemos a nossos leitores 5 materiais: iniciamos o dossiê republicando O que foi a Revolução Russa?, conferência de Trotsky em Copenhague, em 1932, bastante útil como um guia para os que ainda não estão muito familiarizados com os eventos de 1917. No mesmo sentido, realizamos uma entrevista com Pedro Fuentes, em que o dirigente do MES sublinha aspectos da revolução que, em sua opinião, devem ser conhecidos e debatidos pelas novas gerações militantes.
Roberto Robaina, por sua vez, escreve sobre a atualidade do pensamento e da obra política de Lênin num mundo em que, apesar de todas as diferenças, segue atualíssimo o desafio de construir organizações políticas da classe trabalhadora fortes o bastante para enfrentar a sociedade de classes e o Estado, com a flexibilidade e a habilidade política de encontrar e golpear as linhas de menor resistência abrindo fissuras, construindo um partido vivo, em permanente movimento e transformação, preparado para atuar em todas as dimensões da atividade social.
Luciana Genro escreve artigo, a partir de sua recente dissertação de mestrado defendida na Faculdade de Direito da USP, sobre um debate fundamental para os socialistas: o que é, afinal, e quais são os desafios da transição à luz da experiência russa. Fechando esta seção dedicada ao centenário da Revolução Russa, Giovanna Marcelino trata das origens do 8 de março e das relações entre o movimento de mulheres e a luta socialista na história.
Abrindo a revista, há uma seção dedicada aos 30 anos da morte do dirigente revolucionário argentino Nahuel Moreno, falecido em janeiro de 1987. Israel Dutra e Gustavo Reynoso assinam breve nota biográfica sobre Moreno como forma de apresentar a intervenção de Pedro Fuentes, pelo secretariado do MAS argentino, no ato de sepultamento de Moreno. Os autores também apresentam uma lista das obras do dirigente argentino para que a militância possa delas apropriar-se. Também como parte desta seção dedicada a Nahuel Moreno, Bernardo Corrêa e Fernanda Melchionna entrevistaram, no Peru, Hugo Blanco, histórico militante trotskista latino-americano membro da corrente fundada por Moreno, organizador dos grupos de autodefesa e um dos dirigentes do levante camponês peruano nos anos 60.
Como forma de seguir o debate nacional, entrevistamos Alvaro Bianchi, Daniela Mussi e Ruy Braga, recentemente filiados ao PSOL, que falam sobre os desafios da esquerda no Brasil, o papel das organizações socialistas, dos movimentos sociais e dos intelectuais. Também será possível ler, neste número, artigo de Pietro Tresso em memória de Antonio Gramsci, que publicamos orgulhosamente a partir de tradução e apresentação preparada para nossa revista por Alvaro Bianchi. Tresso foi um militante comunista italiano que militou com Gramsci, ingressou nas fileiras dos trotskismo e morreu na luta contra o nazi-fascismo na Europa.
Na seção de documentos, mantendo o esforço de registro permanente de nossas posições, publicamos as duas últimas elaborações de nossa corrente a respeito da situação nacional e dos debates no interior do PSOL: a nota de março do Secretariado do MES a respeito das lutas contra a reforma da previdência e os ataques de Temer e uma carta de Luciana Genro à direção do PSOL estimulando o partido a postular-se como alternativa tanto à direita e seu programa de ajustes antipopulares como ao lulismo.
Boa leitura!