10 anos do massacre do Pinheiro: para não esquecer quem é Geraldo Alckmin
Reprodução

10 anos do massacre do Pinheiro: para não esquecer quem é Geraldo Alckmin

Reintegração de posse aconteceu em 2012 em São José dos Campos.

Fabiana Amorim 25 jan 2022, 17:16

Nesse dia 22 de janeiro, completam-se 10 anos de uma das mais vergonhosas e violentas reintegrações de posse feitas no período recente. Antes de tudo, é importante lembrar que no Brasil existem milhões de pessoas que não possuem onde morar, mesmo que existam também milhões de imóveis desocupados. Por conta disso, o movimento de moradia organiza famílias que não possuem condições de pagar aluguéis abusivos. Em 2004 instalou-se em São José dos Campos (SP), uma grande ocupação com cerca de 1.600 famílias (contabilizando quase 9 mil pessoas), até que em 22 de janeiro de 2012 viveram uma noite de terror para nunca mais esquecer.

Sob o pedido de Naji Nahas, um especulador financeiro e imobiliário, responsável por quebrar a bolsa de valores do Rio de Janeiro, devedor de milhões em impostos aos cofres públicos e condenado a mais de 24 anos de prisão, a Polícia Militar Paulista promoveu um verdadeiro massacre. Naquele período, estava sob o comando de São Paulo o governador Geraldo Alckmin, operador direto dos interesses da burguesia, que não titubeou entre escolher garantir o direito à moradia das famílias, ou proteger os interesses de um especulador.

O resultado foi um horror. Balas, bombas, com muitos feridos, prisões e inclusive mortes. Entre eles um recém nascido, que morreu sufocado por gás lacrimogêneo. Foram dias de muita tensão e enfrentamento. Isso porque os moradores não aceitaram sem resistência. As imagens que hoje vemos, é de um povo que deu seu sangue e suor para ter garantido o direito básico a ter um teto, com resistência e auto-organização. Mas o Estado estava decidido a fazer o que fosse possível para retirar as pessoas de lá e instaurar uma guerra contra os pobres.

Esse dia será lembrado com um importante ato em São José dos Campos, mas devemos também utilizá-lo para seguir a luta por moradia digna para todos e não esquecer jamais quem é Geraldo Alckmin: aquele que promoveu o massacre do Pinheirinho, desviou verba da construção do metrô e da merenda das escolas, que colocou sua polícia para reprimir secundaristas que resistiam em ocupações contra seu absurdo projeto de fechamento de escolas. Neste momento em que está colocado para nós a necessidade de derrotar Bolsonaro e enfrentar a superação do programa neoliberal que ataca os direito do povo em prol da concentração de riqueza nas mãos de poucos, é necessário reafirmar a importância de uma esquerda que carregue um projeto de independência de classe, que não abra mão das pautas históricas, como o direito à moradia e o combate à especulação imobiliária. É momento de dizer que não apenas temos memória, mas seguiremos firmes em mobilização permanente levando nossas bandeiras em defesa dos direitos e da liberdade do nosso povo.

Artigo originalmente publicado no site da UNE.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra | 06 dez 2024

A greve da PepsiCo colocou a luta contra a escala 6×1 no chão da fábrica

A lutas dos trabalhadores em São Paulo foi um marco na mobilização para melhores jornadas de trabalho.
A greve da PepsiCo colocou a luta contra a escala 6×1 no chão da fábrica
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi