Os piquetes que estão bloqueando estradas não têm a participação de muita gente. Neste sentido, não são fortes. Mas são muitos pontos. E devem ser dissolvidos já. Se o movimento social, sindicatos, organizações de sem-teto, sem-terra, estudantes resolvessem garantir o fim dessas manifestações reacionárias a serviço de Bolsonaro teriam possivelmente força para isso (aliás, em alguns lugares, isso já foi feito). Mas seria necessário se organizar muito bem. Uma organização que ainda não se tem mas que se pode e se deve forjar no calor da luta. Mas tudo deve levar em conta a necessidade e também o sentido das proporções.

No quadro atual, não creio que esta necessidade se imponha, porque o próprio Estado está, finalmente, começando a agir. A Polícia Rodoviária Federal teve uma atitude aberta de apoio aos reacionários. Não é de se estranhar. Foram ordens da direção da PRF que buscaram impedir a população do nordeste de votar. Tentaram evitar a vitória de Lula. Silvinei Vasques, o diretor da PRF escolhido por Bolsonaro, é tão canalha quanto seu chefe. Já foi até preso por agredir um frentista que não quis lavar seu carro. Agora, atua como golpista. Deve é ser preso.

Mas a política da cúpula canalha da PRF não irá prosperar. Já não prosperou. Até a CNT pediu que a Justiça atue para terminar os bloqueios. O STF determinou que as PMs possam atuar. Então, é útil ter proporção. E isso quer dizer ter presente que Bolsonaro não tem força nenhuma para dar um golpe. Isso já está evidente. Seu silêncio atual é para deixar os bloqueios prosperarem. Mas ele mesmo sabe que não terá força. A cúpula reacionária dos militares não lhe deu respaldo. Nem a cúpula do Centrão. Não tivemos nosso Capitólio.

A derrota de Bolsonaro foi gigantesca. Isso não quer dizer que não sejamos vigilantes. Ao contrário. Agora é preciso se organizar e por na pauta não apenas que os bloqueios terminem mas a exigência de que as empresas envolvidas nessas provocações sejam investigadas e punidas. E que os bloqueios sejam dissolvidos pelo Estado, ou as forças da sociedade civil precisarão efetivamente atuar. Bolsonaro perdeu. O povo ganhou. Vamos seguir firmes.