Com a Palestina, levantamos a bandeira da luta anticolonial para derrotar o Apartheid
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Com a Palestina, levantamos a bandeira da luta anticolonial para derrotar o Apartheid

A solidariedade à luta do povo palestino não irá recuar frente aos ataques da mídia sionista

Israel Dutra 11 out 2023, 20:04

Foto: Brahim Guedich / Alpha

Os olhos do mundo recaem sobre Gaza. Após a ofensiva surpreendente do Hamas, está em curso uma guerra total de caráter colonial que tem como objetivo esmagar Gaza, reforçando e colocando em outro patamar o regime de Apartheid.

A estratégia do Estado de Israel é combinar o cerco à Gaza com a linha de “guerra total”. Já foram destruídas parte da infraestrutura elétrica e obstruindo a passagem, já precária, de alimentos e água. Foram convocados 300 mil reservistas, inclusive residentes no Brasil, para garantir a ofensiva terrestre. Estamos diante de uma iminente invasão de tropas sobre o território palestino de Gaza.

Já nas primeiras horas nossa organização se postulou, com a nota firme do Secretariado Nacional do MES/PSOL. Em seguida, a nota da IV Internacional demostrou uma posição de princípios, colocou os parâmetros que nossa corrente internacional defende, já traduzida em sete idiomas. Nossas figuras públicas expuseram sua defesa da causa palestina, sendo assediadas e perseguidas, como no caso de Luciana Genro e Roberto Robaina em Porto Alegre.

Estamos diante de um grande processo de mudanças mundiais, onde a necessidade de intervir para reafirmar a defesa da causa palestina torna-se parte cada vez mais central da luta pela autodeterminação de todos os povos do mundo.

O contexto da situação internacional

A escalada do conflito jogou mais instabilidade na complexa situação internacional. O Estado de Israel vinha de uma fratura enorme onde, apesar da unidade para avançar sobre Gaza, Netanyahu sofria uma crescente oposição interna, com os protestos contra a reforma judiciária alcançando a casa das centenas de milhares contra seu governo de extrema direita. O redesenho das relações no Oriente Médio, com a disputa sobre a Arabia Saudita e os países petroleiros, envolvia acordos com os Estados Unidos por um lado; e por outro a tentativa de Irã e China de esticar a corda por outro.

A ainda caótica guerra na Ucrânia, onde a invasão russa segue cobrando um alto custo humano e material, chega a 20 meses sem resolução à vista; só a crise do último sábado para colocar em segundo plano a guerra na Ucrânia.

As tensões entre os polos imperialistas, sejam através dos Brics ou da Otan, seja na questão de provocações envolvendo Taiwan e os orçamentos militares e nucleares nos maiores países do mundo, fazem com que o cenário seja explosivo.

Além da divisão entre os polos imperialistas, há uma divisão na própria burguesia mundial, com o auge nos Estados Unidos. Biden e Trump estão numa luta encarniçada pelo poder. Ainda que Trump seja o agente mais direto da extrema direita com vínculos com a direita sionista, Biden não fica atrás quando garante a legitimidade e apoio político militar ao Estado de Israel para sua incursão sangrenta em Gaza. Tudo isso na contramão das resoluções da ONU.

Os outros aspectos latentes da situação internacional são: a) a retomada das greves operárias nos Estados Unidos, aproveitando a divisão irreversível da burguesia para arrancar conquistas; b) o colapso ambiental gritante, c) a crise orgânica como expressão política da crise geral, que teve seu capítulo mais agudo na eleição argentina, onde a vitória de Milei e a hiperinflação podem levar a um “choque caótico” de trens e de interesses de classe.

Divisor de águas na esquerda

Como em todo grande acontecimento, as posições das organizações e movimentos de esquerda e da classe são colocadas à prova. No âmbito nacional e internacional podemos perceber diferentes políticas; da nossa parte, estivemos sem hesitações ao lado da causa palestina, dialogando com suas representações como a FEPAL (Federação Árabe Palestina do Brasil) e outras.

A perseguição das entidades sionistas contra Luciana Genro e Roberto Robaina no Rio Grande do Sul, que declararam de imediato seu apoio à causa palestina, foi seguida da solidariedade da FEPAL e representantes da comunidade no país. Por todo país, participamos de atos em defesa da luta palestina, com nossos militantes e bandeiras em defesa dos nossos princípios irrevogáveis pela autodeterminação dos povos.

Também rechaçamos à perseguição que bolsonaristas e sionistas estão fazendo à professora Monica Hertz, ao DCE da PUC RJ e outros professores que têm sido honestos no debate, mesmo não tendo posições idênticas às que defendemos e lutamos. 

Por outro lado, a postura de Lula e de setores vacilantes à esquerda representou um grande recuo na postura histórica de apoio à Palestina. Suas declarações confundem e atrasam uma campanha mais decidida contra o apartheid. 

A votação da maioria da bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, capitaneada por Boulos, na aprovação de moções que atacam à autodeterminação palestina, foi outro péssimo exemplo. No sentido contrário, o presidente colombiano Gustavo Petro, deu exemplo sobre como encarar o tema ao comparar a postura sionista com os métodos nazistas dos quais o próprio povo judeu foi alvo.

Que fazer?

É necessário apoiar a causa palestina em todos os terrenos, demonstrando nossa solidariedade com os palestinos em demonstrações, atos e campanhas internacionais, fortalecendo a campanha BDS e todas as demais iniciativas nesse sentido.

Nossa corrente participou de todos os atos organizados pela comunidade palestina, pela FEPAL e outros coletivos, como o que ocorreu em frente ao centro cultural Al-Janiah em SP. Estivemos também no ato junto ao MST e em concentrações no Rio, SP, Brasíia, Natal, Curitiba e preparando um ato forte para Porto Alegre no dia 18. 

Fazer a disputa de narrativa nas redes é essencial. A unidade da mídia burguesa mundial com a posição sionista criou uma verdadeira censura contra todas as posições contrárias, inclusive as mais moderadas, gerando desinformação e propaganda fake news em enorme escala.  

Não retrocederemos nem um passo na defesa do direito ao retorno dos refugiados, na implementação de todas as resoluções da ONU e no fim do apartheid sionista na região. A paz só é possível com a restauração dos direitos nacionais, civis e humanitários do povo palestino e a restauração do Estado Palestino laico e soberano, com Jerusalém como sua capital.


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