No Ceará, docentes lutam por direito de se mobilizar
grevedosprofessores

No Ceará, docentes lutam por direito de se mobilizar

Sindicato concilia com governo e assembleia de professores termina em confusão

Tatiana Py Dutra 5 abr 2024, 13:43

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O incompreensível entendimento de parte da militância de que servidores públicos não podem fazer justas reivindicações por valorização da carreira durante governos de esquerda pode gerar indesejadas crateras políticas. Prova disso é o desfecho da assembleia dos professores estaduais da educação básica do Ceará, que terminou com o presidente do sindicato da categoria (Apeoc) expulso a cadeiradas.

A assembleia, realizada na quinta-feira (4), foi convocada para decidir sobre uma possível greve da categoria. A maioria dos mais de 3 mil profissionais presentes se posicionaram a favor da paralisação. Porém, a direção da Apeoc – dirigida pela burocracia PT e do PC do B – se recusou a colocar a pauta em votação. 

Ao jornal O Povo, o professor Alan Lima afirma que “a pauta foi modificada unilateralmente” para votar a aceitação da proposta do governo Elmano de Freitas (PT), dentre elas o reajuste de 7,3% para profissionais temporários, 10% a 15% para efetivos estáveis e 12% a 17% para professores com doutorado.

A situação causou revolta em parte dos professores que, aos gritos de “Ih, fora”, expulsaram o presidente do sindicato, Anízio Melo, do recinto. Alguns chegam a atirar cadeiras e papeis contra ele. Mais tarde, o dirigente justificaria a decisão dizendo que  “não era legalmente permitido votar greve com mesa de negociação em andamento”. Os vídeos do episódio viralizaram nas redes sociais.

Batalha nas universidades

Os professores universitários do Ceará também estão mobilizados. As universidades Estadual do Ceará (Uece) e Regional do Cariri (Urca) entraram em greve na quinta-feira (4, reivindicando aumento de 35,7%, melhores condições de trabalho, realização de concursos públicos e convocação do cadastro reserva, melhorias e reformas na infraestrutura das universidades, garantia do direito do restaurante universitário (RU) às e aos estudantes, entre outros pontos.

Porém o governo do estado propôs reajuste de apenas 5,62% para todas as servidoras e os servidores, a partir de julho, sem considerar o pagamento retroativo, o que é ilegal. Como se não bastasse, o governador Elmano Freitas recorreu à Justiça para decretar a ilegalidade da greve. O petista ainda pediu que as lideranças sindicais fossem multadas caso o movimento prosseguisse.

É, no mínimo, curiosa essa perseguição aos docentes e seus representantes no Estado que se vende como a “melhor educação do país”. A contradição também é expressa pelo governo Lula (PT) diante da paralisação das universidades federais. Onde está a propalada valorização dos servidores? Teriam perdido a liberdade de lutar por melhorias? 

Os fatos indicam que sim. Nesta sexta-feira (5), os servidores da Educação do Ceará e do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), também em greve, planejaram um protesto Elmano de Freitas durante a visita do presidente Lula  ao Estado, porém, tiveram suas faixas e cartazes retidos pela segurança. 

“Não estamos aqui para tumultuar, como dito, estamos aqui para chamar a atenção e sensibilizar o governador e, quem sabe, até o presidente da República, se for o caso, para que eles vejam de fato a nossa luta, que não é só por nós, mas é por nós, por nossos familiares e também pela população cearense, que merece um trabalho de qualidade”, disse um servidor do Detran.

Decepcionantes decisões de governos que conciliam com a burguesia, mas não com a classe trabalhadora.


TV Movimento

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.

Desenvolvimento Econômico e Preservação Ambiental: uma luta antineoliberal e anticapitalista

Assista à Aula 02 do curso do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento. Acompanhe nosso site para conferir a programação completa do curso: https://flcmf.org.br.

Neofascismo e Negacionismo Climático: uma luta internacional

Curso de formação política sobre emergência climática e luta ecossocialista! Assista à Aula 01 do novo curso do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento. Acompanhe o site da PLCMF para conferir a programação completa do curso: https://flcmf.org.br
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 17 jul 2024

Se aproximam as eleições municipais: colocar o programa no centro da atividade política

As próximas eleições municipais brasileiras serão uma etapa importante da luta contra a extrema direita
Se aproximam as eleições municipais: colocar o programa no centro da atividade política
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 51
Esta edição da Revista tem como centro temático um “Dossiê: Transviando o marxismo”, por ocasião ao mês do Mês do Orgulho LGBTQIA+. Ela começa com o texto Manifesto Marxista-Pajubá que se propõe a imprimir uma perspectiva marxista à luta de travestis e demais pessoas trans e às formulações respectivas à transgeneridade. Organizado pelo Núcleo Pajubá do MES, este manifesto oferece um espaço de reflexão, resistência e articulação política, onde vozes diversas e potentes se encontram para desafiar o status quo opressor e explorador e construir lutas de emancipação.
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Esta edição da Revista tem como centro temático um “Dossiê: Transviando o marxismo”, por ocasião ao mês do Mês do Orgulho LGBTQIA+. Ela começa com o texto Manifesto Marxista-Pajubá que se propõe a imprimir uma perspectiva marxista à luta de travestis e demais pessoas trans e às formulações respectivas à transgeneridade. Organizado pelo Núcleo Pajubá do MES, este manifesto oferece um espaço de reflexão, resistência e articulação política, onde vozes diversas e potentes se encontram para desafiar o status quo opressor e explorador e construir lutas de emancipação.