Câmaras corporais da PM paulista serão acionadas pelos próprios policiais
Mudança no modelo de operação esvazia propósito de gravar atividades dos agentes para coibir excessos
Foto: PMSP/Divulgação
O governo do Estado de São Paulo homologou, na terça-feira (27), a compra de 12 mil câmeras corporais para uso dos agentes da Polícia Militar. Contudo, contrariando a ideia inicial de registrar todas as ações dos policiais em serviço, os equipamentos não gravarão as atividades de forma ininterrupta. Os próprios agentes vão decidir quando gravar ou não uma ocorrência.
Hoje, há mais de 10.125 câmeras em operação no estado. Elas registram todo o turno do policial sem necessidade de acionamento. As imagens ficam arquivadas por 90 dias no sistema do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) para verificação, caso seja necessário.
Conforme especialistas, a mudança no modelo de gravação pode dificultar investigações de atos de violência policial de uma das forças de segurança mais truculentas do país e mesmo reduzir a proteção do policial que tenha sua conduta questionada.
A vereadora Luana Alves (PSOL) protestou contra a decisão do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo ela, a medida esvazia o propósito do uso de câmeras.
“Foi homologado um contrato para 12 mil câmeras corporais que simplesmente não gravam mais a atuação do policial de forma ininterrupta. Porque o Tarcísio tem tanto medo do conteúdo das filmagens? A pergunta que fica é: pra quem o Tarcísio governa, já que 88% da população da cidade de SP é a favor das câmeras corporais da PM, como mostrou o Datafolha? As câmeras comprovadamente reduzem mortes de civis e de policiais, mas o Tarcísio prefere seguir em um desgoverno de morte”, criticou.