Enquanto a maioria dos estados têm pré-candidaturas do PSOL definidas, o partido em Santa Catarina segue sem nenhuma definição, exclusivamente pelo fracasso da tática da precária maioria interna. Por outro lado, os setores à esquerda têm condições de propor uma alternativa, para não seguirmos à deriva, numa condição marginal na frente ampla.

Santa Catarina tem se consagrado como um dos estados mais bolsonaristas na federação, segundo algumas pesquisas de opinião, e Lula está muito abaixo da média dos ensaios na comparação de SC com outros estados das regiões Sul e Sudeste. As incertezas sobre qual seria a chapa “lulista” colaboram para o fenômeno, entretanto, é importante perceber o quanto a esquerda catarinense é mequetrefe e se sujeita aos acordos de gabinete.

Os otimistas do alinhamento à Lula/Alckmin e seu fisiologismo tiveram seus planos frustrados na construção de uma frente de esquerda em SC. Está mais do que evidente a presença dos golpistas (Dário Berger e Jorge Boeira) e bolsonaristas “arrependidos”, como Gelson Merísio, como as mais importantes figuras da chapa petista. Nem mesmo as amizades “históricas” com o petismo foram suficientes para evitar a frustração do plano de emplacar para o PSOL a vaga de “senador do Lula”. Por isso, não será aceito pela base do partido uma candidatura avulsa ao Senado em nome de uma unidade que nunca existiu de fato, despotencializando também a chapa proporcional.

O PSOL à Esquerda, campo que reúne os setores não alinhados ao adesismo, deve se dispor a apresentar uma pré-candidatura a governador para furar a bolha e dialogar com amplos setores da classe trabalhadora. Contornar os prejuízos pela ausência do debate programático até aqui deve ser uma das medidas imediatas, na qual a contribuição da chapa de pré-candidaturas à Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) e a Câmara Federal serão fundamentais. Não cabe ao PSOL um papel submisso de chancela aos acordos de gabinete e a ilusão de sua capacidade de derrotar o bolsonarismo catarinense.

Finalmente, é necessário avocar a Resolução aprovada na Conferência Eleitoral do PSOL-SC de convocar o Diretório Estadual para debater e reorientar a tática eleitoral do partido, para a construção de candidaturas próprias ao Senado e ao governo do Estado, no formato da proposta apresentada pelo campo à esquerda: com os movimentos sociais e os partidos políticos que se mantém na construção pelo “Fora Bolsonaro”.