Em nota, cinco ministérios defendem deputadas ameaçadas pelo partido de Bolsonaro
PL protocolou pedido de cassação de congressistas por supostos xingamentos em discussão sobre o Marco Temporal
Foto: Pablo Valadares/ Câmara dos Deputados
Após o PL pedir a cassação das deputadas federais Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Célia Xakriabá (PSOL-MG), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Érika Kokay (PT-DF) e Juliana Cardoso (PT-SP), cinco ministérios manifestaram apoio às parlamentares ameaçadas.
O partido de Valdemar da Costa Neto pediu a perda de mandato das deputadas após uma altercação com Zé Trovão (PL-SC) e outros deputados bolsonaristas durante a votação da urgência do Projeto de Lei do Marco Temporal, em 24 de maio. Na discussão, elas teriam dito que a medida era levada por “assassinos”, uma vez que põe em risco mais de 150 povos indígenas que podem ser expulsos de territórios ancestrais. O PL protocolou um pedido para que o Conselho de Ética da Câmara analise o suposto crime de injúria cometido pelas deputadas, além da quebra de decoro parlamentar.
Em nota conjunta, divulgada na sexta-feira (9), os ministérios da Igualdade Racial, das Mulheres, dos Povos Indígenas, dos Direitos Humanos e da Cidadania, e da Justiça e Segurança Pública sairam em defesa das congressistas. Em texto elaborado pelo Grupo de Trabalho Interministerial de Enfrentamento à Violência Política contra as Mulheres afirma que o pedido de cassação “é mais um episódio de perseguição às mulheres legitimamente eleitas e que ocupam espaços de poder e decisão”.
Caso o pedido seja aceito, a Comissão de Ética estaria tratando as deputadas mulheres de forma distinta dos deputados homens, lembra o texto.
“As ações contra quatro deputados homens, acusados de incentivar os atos terroristas de 8 de Janeiro, ainda não foram encaminhadas ao mesmo colegiado”, diz trecho da nota.
Os ministérios ressaltam a necessidade de a Câmara dos Deputados se comprometer com a garantia da ampliação do acesso de mais mulheres em todos os níveis de poder.
Mais de 150 mil pessoas sobrescreveram um abaixo assinado contra a cassação dos mandatos das deputadas de esquerda. Para colaborar, clique aqui ou aqui.