Comissão de Direitos Humanos do RS recebe ameaças de morte
Luciana Genro, Adão Pretto Filho foram nominalmente citados em e-mail com teor racista, misógino e homofóbico; parlamentares denunciam avanço da violência política no país
Foto: Ingra Costa e Silva/Divulgação
A escalada da violência política no Brasil voltou a atingir o Rio Grande do Sul. Deputados que integram a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos (CCDH) da Assembleia Legislativa receberam um e-mail carregado de ódio, com ameaças de morte explícitas, conteúdo racista, misógino e homofóbico. O ataque menciona diretamente os parlamentares Luciana Genro (PSOL) e Adão Pretto Filho (PT), presidente da Comissão, além de prometer represálias contra todo o colegiado.
Embora o autor tenha se identificado com nome e CPF, tudo indica que se trata de uma identidade falsa. A mensagem afirma que os deputados da CCDH seriam “alvos” e que o remetente “não descansaria até ver todos vocês pagarem pelo que fizeram”. Em outro trecho, afirma que os parlamentares “ousam se opor aos verdadeiros valores deste país”, ecoando o discurso da extrema-direita que tem alimentado ataques contra defensores de direitos humanos em todo o Brasil.
Entre as ameaças mais cruéis, o agressor descreve a execução da deputada Luciana Genro, dizendo que ela deveria ser “silenciada com um tiro” e “executada em público”. A parlamentar destacou o caráter político e ideológico do ataque:
“Não me surpreende que a mesma pessoa que nos ameaça direcione seu ódio à negritude, aos nordestinos e à população LGBTQIA+. Essa é a postura esperada da extrema direita: atacar a diversidade e os defensores dos direitos do povo mais pobre. Não admitiremos a impunidade de um marginal que se esconde atrás de um computador”.
Adão Pretto Filho também foi alvo de insultos racistas, acusado de “traição da própria raça”, além de ser ameaçado de sofrer um “fim lento e cruel”. Para ele, a tentativa de intimidação é parte de um movimento organizado de ódio político que cresce no país.
“A internet não é uma terra sem lei. Não aceitaremos que nenhum parlamentar, ou qualquer pessoa, seja alvo desse tipo de violência. Esse é o discurso do ódio, o discurso da extrema direita”, comentou.
Todos os parlamentares citados registraram ocorrência na Polícia Civil, e a CCDH afirmou que acompanhará de perto o andamento das investigações. As ameaças, que também mencionam bombardear a Comissão, reforçam o clima de tensão e demonstram como a intolerância política tem buscado silenciar figuras públicas comprometidas com direitos humanos.
Em um momento em que o país enfrenta o avanço de práticas autoritárias, as intimidações dirigidas à CCDH revelam mais um capítulo da tentativa da extrema direita de calar vozes progressistas. A reação imediata dos parlamentares, porém, envia outro recado: não haverá recuo na defesa da democracia, da diversidade e dos direitos fundamentais.
