Coletivo Juntas participa de atividade com Mônica Baltodano no México
A ex-comandante da revolução Nicaraguense esteve no México a convite da Feria del Libro de Zócalo
A ex-comandante da revolução nicaraguense, Mónica Baltodano, esteve no México este mês de outubro a convite da Feria del Libro del Zócalo, onde apresentou a sua mais recente obra “El Pueblo contra la ditadura – cronología de una Lucha Nicaragua, 1978 a 1979”, que aborda os anos mais dinâmicos do derrube do ditador Anastácio Somoza pelo povo nicaraguense.
Convidada pelo Movimiento Socialista del Poder Popular (MSP) e por outras organizações mexicanas, realizou vários debates em que denunciou a situação atual na Nicarágua, agora sob a ditadura de Daniel Ortega, que a expulsou e a vários dos seus companheiros e obrigou mais de 200 mil nicaraguenses a abandonar o país devido a perseguições políticas, um número muito elevado num país com apenas 6,5 milhões de habitantes.
Um dos pontos altos desta visita foi o dia 22 de outubro, quando Mónica se reuniu com vários grupos feministas na Cidade do México, num encontro promovido pelo grupo Feministas con Voz de Maíz, para o qual Juntas foi convidada.
A intervenção do Juntas ressaltou que as mulheres tiveram uma participação orgânica na Revolução Sandinista, não só durante o processo revolucionário, mas também depois, na implementação do governo do qual Mónica foi ministra.
A revolução sandinista derrotou a ditadura militar de Somoza em 1979 e foi vitoriosa durante 10 anos. Hoje, 44 anos depois, mulheres e homens nicaraguenses continuam a lutar contra a ditadura que se instalou no seu país e que atinge duramente toda a população, especialmente mulheres, LGBTQIA+, indígenas e outras minorias e retira as conquistas históricas alcançadas pela revolução.
A visita de Mónica foi importante para dar apoio e visibilidade à luta e cerrar fileiras em defesa dos exilados, presos políticos e perseguidos pelo regime ditatorial na Nicarágua e para defender o verdadeiro legado da revolução nicaraguense e do feminismo internacionalista, neste momento em que a perseguição e o terror continuam a aumentar na Nicarágua.
Há alguns dias, Ortega expatriou padres católicos e os obrigou a embarcar em um avião para o Vaticano. O bispo de Matagalpa, D. Rolando Alvarez, se recusou a ir para o exílio, declarando que só sairia da prisão, onde se encontra numa situação desumana, para ir para a sua paróquia.
Ao mesmo tempo, o regime Ortega/Murillo, no que parece ser mais um capítulo da disputa entre facções pelo controle total do poder na Nicarágua, deu ordem para a polícia nacional prender a presidente do Conselho Superior de Justiça (CSJ), a magistrada Alba Luz Ramos, a mais alta autoridade do poder judicial nicaraguense.
Já o denunciámos várias vezes as violações e os crimes contra o povo da Nicarágua e mesmo contra a Constituição. Ortega/Murillo estão aprofundando um regime cada vez mais autoritário, repetindo a ditadura de Anastácio Somoza.
A esquerda mundial tem a obrigação de continuar a denunciar as violações de Ortega/Murillo e de exigir que os seus governos rompam imediatamente relações com a ditadura mais brutal do continente.