Dias travestis virão!
IMG-20220129-WA0001

Dias travestis virão!

Nós, travestis e transexuais, estaremos na linha de frente das lutas por dias melhores, entendendo que a opressão transfóbica está diretamente ligada ao sistema capitalista.

Natasha Ferreira 29 jan 2022, 09:21

O 29 de janeiro marca o Dia da Visibilidade Trans. A data possibilita uma reflexão sobre a situação da nossa população de travestis e transexuais no Brasil, país que mais mata a nossa comunidade. Por isso, faço uma provocação: quantas pessoas trans você conhece pessoalmente? Quantas travestis você vê diariamente no comércio e nas instituições de ensino?

Não é que nós não existimos, é que sempre fomos condicionadas à invisibilidade, às esquinas escuras onde somos requisitadas pelos pais de família que, muitas vezes, são os mesmos que nos oprimem durante o dia. Temos uma expectativa de vida de 35 anos. A ampla maioria precisa recorrer à prostituição para sobreviver.

Aos 33 anos, sei que sou uma exceção. Uma travesti devidamente empregada, com Ensino Médio completo e que conseguiu ter acesso, como vereadora suplente de Porto Alegre, a uma função pública é uma exceção à regra. Nem mesmo quando assumi o mandato de vereadora, por uma semana, me senti segura, tendo sofrido ofensas transfóbicas nas redes e comentários nem tão velados de outros parlamentares. Uma vereadora chegou a perguntar a alguém: “Ela é o que?”. Denunciei as agressões na internet à Delegacia de Combate à Intolerância, e neste mês recebi a notícia de que dois dos denunciados querem se retratar.

Nem mesmo durante esta Semana da Visibilidade Trans a transfobia deu uma folga. Ao denunciar no Instagram o desinteresse da prefeitura de Porto Alegre na aplicação de verbas ao Ambulatório Trans – que conta com emendas de R$ 500 mil da deputada Luciana Genro e de R$ 100 mil do vereador Roberto Robaina aguardando execução -, recebi mais um comentário transfóbico, onde um sujeito afirma que eu seria “apenas um homem querendo ser mulher a qualquer custo”. Prontamente registrei mais um B.O. na Delegacia de Combate à Intolerância.

A disseminação de discursos de ódio aumentou com a eleição de Bolsonaro. Suas declarações contra a população LGBT legitimam a violência. Mas não baixamos a cabeça. Foi uma derrota para o governo que a LGBTfobia tenha se tornado um crime. Bolsonaro não tem força para retirar nossos direitos, como o direito à adoção, ao casamento e à retificação de nome.

Esses avanços foram conquistas do movimento LGBT, em geral via Judiciário, diante da indiferença de governos e do conservadorismo do Congresso. Ainda temos muito o que avançar na construção de um mundo onde, como disse Rosa Luxemburgo, sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres. E nós, travestis e transexuais, estaremos na linha de frente das lutas por dias melhores, entendendo que a opressão transfóbica está diretamente ligada ao sistema capitalista, que necessita de cidadãs e cidadãos considerados de “segunda categoria” para explorar uma mão de obra ainda mais precarizada e, com isso, extrair mais lucro. Ficou famosa a linda frase que diz: Dias mulheres virão. Pois eu também digo: Dias travestis virão!


TV Movimento

PL do UBER: regulamenta ou destrói os direitos trabalhistas?

DEBATE | O governo Lula apresentou uma proposta de regulamentação do trabalho de motorista de aplicativo que apresenta grandes retrocessos trabalhistas. Para aprofundar o debate, convidamos o Profº Ricardo Antunes, o Profº Souto Maior e as vereadoras do PSOL, Luana Alves e Mariana Conti

O PL da Uber é um ataque contra os trabalhadores!

O projeto de lei (PL) da Uber proposto pelo governo foi feito pelas empresas e não atende aos interesses dos trabalhadores de aplicativos. Contra os interesses das grandes plataformas, defendemos mais direitos e melhores salários!

Greve nas Universidades Federais

Confira o informe de Sandro Pimentel, coordenador nacional de educação da FASUBRA, sobre a deflagração da greve dos servidores das universidades e institutos federais.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 28 abr 2024

Educação: fazer um, dois, três tsunamis

As lutas da educação nos Estados Unidos e na Argentina são exemplares para o enfrentamento internacional contra a extrema direita no Brasil e no mundo
Educação: fazer um, dois, três tsunamis
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 48
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão