Cotistas desligados da UFRGS são ouvidos na Assembleia Legislativa
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Cotistas desligados da UFRGS são ouvidos na Assembleia Legislativa

A convite da deputada Luciana Genro (PSOL), grupo levou suas demandas à Comissão de Educação

Redação da Revista Movimento 11 jun 2023, 09:00

Foto: Guerreiro/ALRS

Um grupo de estudantes cotistas que foram desligados da UFRGS levaram suas demandas à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul na terça-feira (6). Eles disseram que prazos extremamente curtos para entrega de documentos – inclusive para estudantes com problemas de saúde – e falta de instruções por parte da instituição favoreceram a situação, a qual eles não tiveram chance de recorrer.

Mais de 160 estudantes foram desligados da universidade este ano por problemas com a data da banca de aferição racial, de entrega de documentos ou com comprovantes de renda e de deficiência. Tramita no Ministério Público Federal uma ação coletiva tratando de todos os casos, além de ações individuais.

A estudante Adriana Rodrigues relatou à Comissão que estava hospitalizada no dia de sua banca de aferição racial. 

“Eu tenho 51 anos, levei 30 para entrar numa universidade. Trabalhei como doméstica, fundei um grupo de teatro negro. Consegui vaga em um cursinho pré-vestibular popular, que inclusive pagava minha internet na pandemia. Estudei muito, professores me davam aula sábado à noite, domingo. Acabei adoecendo e fui hospitalizada”, disse.

Abigail Soares Ferreira também não conseguiu a matrícula por motivos de saúde. Oriunda de escola pública e de família de baixa renda, ela conseguiu com dificuldade os comprovantes necessários nos cinco dias que a universidade fornece, e mesmo assim perdeu a vaga. 

“Meus pais são idosos e não é fácil nos deslocarmos para bancos e conseguir documentos. Neste meio tempo, eu acabei ficando com um problema no joelho, sentia muitas dores. O médico me receitou um remédio muito forte, passei uma semana inteira apagada, que foi o prazo da matrícula definitiva”, contou a estudante de Medicina Veterinária.

Mesmo com um documento do médico afirmando que ela estava inválida durante aquela semana, Abigail relata que a universidade apenas dizia que ela havia perdido o prazo. Ambas foram até a UFRGS, que as mandou “de um lado pro outro”, sem oferecer solução definitiva e sem saber informar onde deveriam ir para recorrer do ocorrido. 

“Somos duas para representar mais de 160 alunos. A gente quer nosso lugar de volta”, colocou Abigail.

O caso de estudantes que são pessoas com deficiência (PcD) foi levado por Giácomo de Carli da Silva, que é autista e narra que a universidade não está aceitando os laudos e testagens que ele enviou comprovando a sua condição. A advogada de Giácomo, Jaqueline Siviero Dippe, classificou os episódios como perseguição aos cotistas. Giácomo relatou que já cursou outra universidade, onde não teve os mesmos problemas. 

“Minha turma hoje está no quinto semestre e eu não passei do primeiro ainda. Minhas monitoras não recebem nenhum retorno da universidade de como proceder comigo, estou praticamente à deriva”, colocou.

Victoria Maciel Farias, estudante de Administração Pública e Social, acompanha a questão das matrículas provisórias desde 2019. 

“Os desligamentos vinham diminuindo e, de um tempo para cá, voltaram a aumentar. E a Reitoria não quer debater esse tema. É um sintoma da falta de acolhimento da universidade. Simplesmente desligam as pessoas sem possibilidade de remarcar, de tentar justificar ausência”, avaliou. 

A gestão passada do Diretório Central dos Estudantes (DCE), da qual Victoria fazia parte, levantou que nenhuma outra universidade federal do país usa o sistema de matrículas provisórias.

Luciana Genro, que levou o assunto à Comissão, lamentou que a universidade esteja negando a estudantes cotistas o direito a estudar. 

“Temos um nível de evasão muito grande e um elitismo tenebroso. Queria propor que a gente fizesse um pedido de audiência com o Reitor, para que possamos dialogar com eles”, sugeriu, também propondo que a Comissão de Educação elabore um documento que os estudantes possam apresentar como um pedido específico de uma nova oportunidade de consideração. Sofia Cavedon, que preside a Comissão, também propôs o envio de um documento ao Conselho Universitário (Consun).

*Com informações da Ascom/ALRS


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