PSOL não apoiará nenhum candidato ao governo de Alagoas no 2º turno

PSOL não apoiará nenhum candidato ao governo de Alagoas no 2º turno

Representantes do MDB e do União Brasil disputam o governo estadual. Federação PSOL-REDE declarou apoio a Lula à presidência

Tatiana Py Dutra 20 out 2022, 13:53

Em nota à sociedade alagoana divulgada no último dia 12 de outubro, a Federação PSOL-REDE anunciou que não apoiará nenhum dos candidatos que concorrem ao governo do Estado neste segundo turno. Segundo o texto, o governador afastado Paulo Dantas (MDB) e Rodrigo Cunha (União Brasil) “são duas faces das oligarquias, representam o status quo alagoano, estão distantes das bandeiras políticas defendidas pela Federação”.

“Assim como fizemos no primeiro turno, repudiamos qualquer manifestação de voto em candidaturas bolsonaristas. É nossa tarefa histórica derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo. Seguindo as orientações nacionais do PSOL e do REDE, definimos como nosso compromisso primeiro em Alagoas atuar para eleger Lula presidente”, diz um trecho da mensagem.

Em entrevista à Revista Movimento, o fundador do PSOL de Alagoas e candidato ao Senado pelo partido, Mario Agra argumenta que “são duas candidaturas muito difíceis de apoiar”. 

“A candidatura do Paulo Dantas é apoiada por Renan Calheiros, e também pelo PT, e a outra é do União Brasil, que é totalmente controlado por Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. É uma situação muito particular e a gente não tem como se envolver nesse processo. O Rodrigo Cunha é um candidato muito ruim e o Paulo Dantas tem muitos processos contra ele, inclusive de assassinatos”, conta Agra.

O dirigente acrescenta que Paulo Dantas é um governador “tampão”, que assumiu o cargo em abril após a desincompatibilização do governador Renan Filho, filho de Renan Calheiros, para concorrer ao Senado. Apontado pela Polícia Federal como principal beneficiário e “autor intelectual” de suposto esquema de desvio de verba pública por meio de “rachadinha”,  Dantas foi afastado do cargo pela Justiça em 11 de outubro.

Um primeiro turno ‘difícil’

O PSOL apresentou candidatura própria ao governo estadual, com Cícero Albuquerque, ao Senado, com Mario Agra, além de seis nomes à Assembleia Legislativa e quatro à Câmara dos Deputados. Apesar do empenho, e dos apoios do Partido da Unidade Popular (UP) e do Partido Comunista Brasileiro (PCB) às candidaturas majoritárias, não houve êxito nas urnas. 

A Federação avalia que “apesar das dificuldades decorrentes do abuso ímpar do poder econômico, da compra escandalosa de votos praticada pelos setores conservadores, a experiência de disputa do governo do Estado, do Senado, de lançamento das nossas candidaturas a deputada(o) federal e estadual foi muito positiva. Fizemos campanhas propositivas, ousadas, que pautaram os problemas de Alagoas e apontaram saídas para eles”.

No entendimento de Agra, a disputa do campo de esquerda também foi prejudicada pela disputa de votos, reflexo das disputas renhidas promovidas nas candidaturas apoiadas por Renan Calheiros e Arthur Lira.

“A campanha foi difícil. Apesar de o desempenho no estado de Alagoas ter sido bom para o Lula, aqui na capital, Maceió, ele perdeu. Foi a única capital do Nordeste em que Lula perdeu. E nós ficamos imprensados, tanto na disputa do governo quanto ao Senado”, diz. 

A eleição para o Senado, que teve Renan Filho (MDB) como vencedor, foi marcada pela desistência dos pré-candidatos Fernando Collor de Mello (PTB) e Ronaldo Lessa (PDT).

“Alguns chegaram a avaliar a possibilidade de centro-esquerda e esquerda migrarem votos para a minha candidatura, mas isso não aconteceu. Os votos de apoio a Bolsonaro [Collor] migraram para o deputado estadual Davi Davino (PP), e o eleitorado do Lessa migrou para Renan Filho. E o que consolidou o voto da centro-esquerda e esquerda na candidatura de Renan Filho foi um apoio muito ‘arrojado’. Até praticamente o início da campanha, havia uma quantidade enorme de petistas, dirigentes inclusive, se anunciando que fariam campanha para mim. Mas fizeram uma reunião no PT onde ficou definido que essa atitude seria penalizada. No PV, ocorreu o mesmo e até no PDT. Quando o Ronaldo Lessa, que foi governador de Alagoas, retirou a candidatura, anunciou apoio a minha. Só que logo depois foi convidado a ser vice da chapa de Paulo Dantas. O vice-presidente do PDT anunciou apoio a minha candidatura e manteve o apoio. Acho, inclusive, que ele será afastado por isso”, comenta Agra.

Espaço para a esquerda

Mario Agra qualifica o desempenho eleitoral da esquerda no estado como “sofrível”, com destaque para Maceió. Historicamente amparado nas oligarquias políticas e no conservadorismo religioso, o eleitor da capital não costuma confiar seu voto a partidos não associados às elites.

“O desempenho de várias figuras no campo da esquerda é muito ruim em Maceió. O deputado Paulão (PT), por exemplo: foi candidato a deputado federal e sua candidatura teve tratamento de majoritária. Foi feito um acordo para que o PV não lançasse candidatos. Só teve uma candidatura feminina pró-forma, mas ela quase não fez campanha e o tempo de TV era quase todo do Paulão. Ainda assim, o que o elegeu foi o voto de legenda do PT a nível estadual. Em Maceió, a votação foi muito baixa, como a de todos os candidatos de esquerda”, conta Agra.

No estado como um todo, conta o dirigente, a esquerda tem sofrido uma sequência de derrotas relativamente forte nos últimos anos. À exceção de resultados favoráveis em 1978, 1982 e 1998, o campo tem dificuldade em eleger parlamentares. Na Câmara, apenas Paulão, e, na Assembleia Legislativa, não há nenhum representante da esquerda.

Lula no 2º turno

Ainda assim, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é o favorito dos alagoanos para ocupar o Palácio do Planalto, tendo obtido no Estado mais de 974 mil votos. Para cumprir seu compromisso de apoiá-lo em segundo turno, a Federação PSOL-REDE tenta construir ações de campanha em parceria com PCB, UP e PSTU – partidos que também se posicionaram contra os candidatos ao governo local.

A aproximação com essas siglas, especialmente PCB e UP, fazem a Federação vislumbrar “a conformação de um novo campo político de esquerda em Alagoas, campo independente e autônomo das oligarquias e das classes dominantes locais”.


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