Israel promove maior ataque na Cisjordânia em 20 anos
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Israel promove maior ataque na Cisjordânia em 20 anos

Registaram-se, pelo menos, dez ataques de drones, e entre 1.000 a 2.000 soldados israelitas, apoiados por escavadoras blindadas e atiradores nos telhados, entraram na cidade de Jenin e no seu campo de refugiados

Esquerda.net 5 jul 2023, 14:26

Foto: Alaa Badarneh EPA/Lusa.

Via Esquerda.Net

Por volta da 1h de segunda-feira, Israel lançou uma grande ofensiva aérea e terrestre na cidade de Jenin. Os media falam entre cinco a nove mortos e dezenas de feridos, mas é previsível que este número aumente à medida que prossegue a contabilização das vítimas.

De acordo com o The Guardian, foram realizados, pelo menos, dez ataques de drones em edifícios, e entre 1.000 a 2.000 soldados israelitas, apoiados por escavadoras blindadas e atiradores nos telhados, entraram na cidade e no seu campo de refugiados.

Khaled Alahmad, um motorista de ambulância palestiniano, citado pelo jornal britânico, afirmou que “o que está a acontecer no campo de refugiados é uma guerra real”.

“Houve ataques aéreos. Conduzimos cerca de cinco a sete ambulâncias e voltamos cheios de feridos”, relatou.

O grupo Palestina em Portugal divulgou imagens de corpos espalhados nas ruas de Jenin e de infraestruturas destruídas, bem como fotos das vítimas.

Um porta-voz do presidente palestiniano, Mahmoud Abbas, chamou a operação de “um novo crime de guerra contra o nosso povo indefeso”. Já a Força de Defesa de Israel (IDF) e os serviços secretos israelitas, Shin Bet, disseram que atacaram um centro de comando no campo de refugiados de Jenin que era usado por um grupo militante local.

A incursão eleva o número de palestinianos mortos este ano na Cisjordânia para mais de 130, num período marcado pelo aumento da violência que resultou em alguns dos piores derramamentos de sangue naquela área em quase duas décadas.

A incursão israelita originou protestos durante a noite em toda na Cisjordânia, inclusive num posto de controlo perto da cidade de Ramallah. Neste local, um palestiniano morreu após ser baleado na cabeça pelo exército. Os sistemas de defesa aérea de Israel foram colocados em alerta para possíveis disparos de foguetes de retaliação da Faixa de Gaza bloqueada.

O contra-almirante Daniel Hagari, porta-voz da IDF, informou que a operação deve durar entre um e três dias. E um oficial israelita esclareceu que o ataque pretendia “quebrar a mentalidade de porto seguro do campo, que se tornou um ninho de vespas”.

Os ataques de colonos israelitas na Cisjordânia contra aldeias palestinianas também estão a crescer em escala e escopo.

“A alimentação, a saúde e a educação de milhões de palestinianos estão ameaçadas”

Mediapart falou com Philippe Lazzarini, chefe da UNRWA, a agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos, que alertou para o facto de esta organização estar ameaçada na sua existência por uma crise financeira e política sem precedentes, que acaba por enfraquecer a alimentação, a saúde e a educação de milhões de palestinianos, incluindo centenas de milhares de crianças.

Lazzarini cndena a indiferença internacional perante o aumento da violência. O responsável da UNRWA referiu que na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, a situação de segurança piorou, e os “confrontos são quase diários”. “Desde o início deste ano, 16 crianças foram mortas, enquanto 13 morreram no total em 2022, que já foi um ano particularmente violento”, apontou.

De acordo com Philippe Lazzarini, “o exército israelita não hesita em entrar nas escolas da UNRWA como em dezembro passado em Belém”.

A organização sente “uma ansiedade crescente entre os refugiados palestinianos face à falta de solidariedade global com a causa palestiniana, em comparação com o que existia há vinte ou trinta anos”.

1.128 palestinianos sob prisão administrativa, sem acusação ou julgamento

A organização de direitos humanos israelita HaMoked denunciou no domingo que o número de pessoas em prisão administrativa aumentou exponencialmente durante o último ano e meio.

A HaMoked refere que, em julho de 2023, Israel mantinha 4.885 presos de “segurança”, consistindo em 2.312 prisioneiros condenados, 1.441 detidos em prisão preventiva, 1.132 sob detenção administrativa, sem acusações formais ou julgamento, o número mais elevado em duas décadas. Destes 1.132, 1.128 são palestinianos.

“Contra os palestinianos, Israel efetua um uso massivo do que deveria ser uma medida rara e excecional. Agora, o Governo também está a ampliar o uso da detenção administrativa contra os judeus israelitas”, afirmou Jessica Montell, diretora-executiva da HaMoked, citada pela agência noticiosa EFE. “Todos os presos administrativos devem ter um julgamento justo ou ser libertados”, defendeu.

A HaMoked escreve que, “embora a prisão restrinja inerentemente a liberdade de uma pessoa, os prisioneiros e detidos mantêm todos os seus direitos fundamentais”.

“As condições dos reclusos de ‘segurança’ diferem dos reclusos ‘regulares’. O tratamento dado por Israel aos presos de segurança viola os seus direitos à igualdade, dignidade, vida familiar, educação e muito mais, em violação do direito internacional”, explica a organização de direitos humanos.

Sublinhando que “a esmagadora maioria dos presos de segurança são palestinianos dos Territórios Ocupados”, a HaMoked enfatiza que “manter prisioneiros e detidos do OPT dentro de Israel constitui uma flagrante violação da Quarta Convenção de Genebra, que proíbe a transferência de prisioneiros e detidos para fora do território ocupado, e também viola os direitos humanos básicos consagrados, inter alia, na lei israelita”.

Já Israel argumenta que a detenção administrativa contribui para manter “terroristas perigosos fora das ruas” e permite detê-los sem a divulgação de informações confidenciais.

Israel envenena culturas e animais para expulsar palestinianos

Uma investigação da Universidade de Nova Iorque, citada recentemente pelo diário israelita Haaretz, revela que o exército israelita envenenou, em diversas ocasiões, culturas e animais para expulsar os palestinianos e espoliar as suas terras.

A investigação foi conduzida pelo Taub Center for Israel Studies da Universidade de Nova Iorque, e baseia-se em documentos de arquivo, entretanto vindos a público.


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