Depois das eleições, combater o pacote antipopular
2024091222090_e11fe345-5299-4eee-93fc-4137f8cfb930

Depois das eleições, combater o pacote antipopular

A luta contra as propostas de austeridade fiscal do governo federal deve ser a prioridade da esquerda neste momento

Israel Dutra e Roberto Robaina 5 nov 2024, 12:49

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Concluído o processo eleitoral, a agenda política se atualiza. Por um lado, arrancamos de um processo de balanço e perspectivas, que tem sido feito com bastante interesse do ativismo; por outro, existem necessidades imediatas que devem ser atendidas, como a urgência de um plano de lutas contra o ajuste que se aprofunda.

Nos próximos dias, contudo, além de preparar a luta contra o chamado Pacote Antipopular, as atenções estarão voltadas para as definições estratégicas das eleições estadunidenses, onde Trump busca retomar o poder.

Diante desse cenário, as tarefas da esquerda socialista no PSOL apontam para seguir o enfrentamento à extrema direita e organizar uma forte resistência ao ajuste fiscal.

A esquerda deve debater e lutar

O efeito imediato da vitória do campo conhecido como “Centrão” no processo eleitoral, onde o PSD e o MDB se destacam, é uma maior chantagem sobre o governo para seguir mais ao centro, ou seja, aprofundar o ajuste já encomendado por Haddad e Tebet conforme a orientação aprovada no Novo Arcabouço Fiscal.

Para o comando da Câmara, o nome acordado entre o governo (com apoio do PT) é o do deputado Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba. Figura conservadora e pragmática, expressa a sucessão de Lira e o controle de grandes fatias de recursos para manutenção do esquema milionário de emendas que hoje o parlamento dispõe.

Após especulações, nesta semana, Haddad deve apresentar a forma final do pacote, também chamado de “revisão do teto de gastos”. O ministro cancelou uma viagem para a Europa para poder finalizar seu projeto. Os editoriais dos jornais liberais vociferam para mais cortes, mesmo rito de setores como a Febraban e outros próceres do capital financeiro.

No bojo do debate de balanço acima citado, por conta de importantes derrotas como a de Porto Alegre, São Paulo, Belém, setores petistas como Washington Quaquá e Jilmar Tatto advogam uma ida ao centro. No caldo de cultura crítico, afirmamos que a esquerda deve dizer seu nome, ou seja, debater e lutar. A luta agora, além de pautas centrais como a de justiça por Marielle e contra qualquer anistia aos golpistas de 8 de janeiro, passa por resistir ao pacote antipopular.

Manifesto e luta

Um corajoso e primeiro passo foi dado pela articulação do Manifesto, organizado por figuras importantes como o economista David Deccache, em parceria com a Revista Movimento e reunindo

centenas de acadêmicos, economistas, pesquisadores, comunicadores populares, sindicalistas e parlamentares lançam o Manifesto Contra o Pacote Antipopular, iniciativa condenando publicamente os cortes sociais anunciado pelos ministros Fernando Haddad e Simone Tebet para o final deste ano.

Reunindo intelectuais como Vladimir Safatle, Ricardo Antunes, Lena Lavinas, Paulo Nakatani, ex-ministros como Roberto Amaral e José Gomes Temporão, além de parlamentares como Luiza Erundina, Sâmia Bomfim, Fernanda Melchionna, Glauber Braga, Tarcísio Motta, Chico Alencar e Luciana Genro, presidente da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, o texto condena a política de austeridade fiscal do governo federal que afeta diretamente gastos sociais nas áreas da saúde, educação, assistência social, previdência, entre outras.

A boa repercussão inicial na imprensa e dentro da intelectualidade mostra o espaço que existe, inclusive com a adesão de setores de outros partidos de esquerda e centro-esquerda, apontando para uma luta que está apenas começando.

Devemos preparar no conjunto do movimento social, um calendário unitário para enfrentar o pacote, organizando assembleias e plenárias para armar tal batalha. Esta é a única forma coerente de enfrentar a extrema direita, que cresce em meio à crise apostando na desesperança e no individualismo. Não aceitaremos mais retrocessos que vão impactar diretamente na vida da classe trabalhadora, especialmente suas camadas mais vulneráveis.

Assine também o Manifesto contra o Pacote Antipopular e seja parte desta luta!


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra | 06 dez 2024

A greve da PepsiCo colocou a luta contra a escala 6×1 no chão da fábrica

A lutas dos trabalhadores em São Paulo foi um marco na mobilização para melhores jornadas de trabalho.
A greve da PepsiCo colocou a luta contra a escala 6×1 no chão da fábrica
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi