Reforma das aposentadorias na França: uma mobilização histórica a ser transformada numa vitória contra Macron
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Reforma das aposentadorias na França: uma mobilização histórica a ser transformada numa vitória contra Macron

Grande mobilização contra as mudanças na aposentadoria paralisam o país.

NPA 20 jan 2023, 08:02

Via L´Anticapitaliste

Os números da greve e da manifestação são históricos, com 1,2 milhões de manifestantes de acordo com a polícia, mais de dois milhões de acordo com a união intersindical, taxas de adesão a greve muito elevadas (mais de 70% na educação), mobilizações maciças nas cidades. 50.000 em Bordeaux e Toulouse, 20.000 em Le Mans, 3.500 em Alençon, 4.000 em Compiègne, 20.000 em Nice, 7.000 em Agen e Montauban, 4.000 em Gap, 15.000 em Avignon, 50.000 em Nantes, 10.000 em Saint-Nazaire, 20.000 em Rouen, 35.000 em Le Havre, 15.000 em Bayonne e Pau, 13.000 em Quimper, 13.500 em Brest, 11.000 em Angoulême, 10.000 em Poitiers, 13.000 em Angers e, claro, várias centenas de milhares em Paris (longe dos 80.000 anunciados pelo Ministério do Interior)…

Na grande maioria das cidades (mesmo as menores), os números eram superiores aos das grandes greves de 1995, com por vezes uma em cada sete ou oito pessoas na rua. No sector privado, a participação foi excepcional, com grevistas vindos da indústria alimentar, metais, automóveis, electrónica…

Uma ira generalizada

O gatilho deste movimento é a reforma das pensões, que obrigaria os empregados a trabalhar mais dois anos, com um período de contribuição mais longo e, se aposentar, portanto, com rendimentos menores. Tudo isto para entregar dezenas de biliões às grandes empresas e para tentar passar um marco na criação de fundos de pensões, aposentadorias complementares que se tornariam necessárias para não envelhecer na miséria.

No entanto, sabemos que voltar a regra de aposentadoria aos 60 anos e 37,5 anos de contribuição, et calcular o montante com base os 10 melhores anos de salário tanto no sector público como no privado, pesa cerca de 3,5% do PIB, que poderia ser recuperado em favor da maioria da população através da tributação efetiva dos ricos e das grandes empresas e da suspensão das isenções fiscais aos mais abastados. As “soluções” violentas de Macron não são, portanto, inevitáveis.

Para além da rejeição desta contrarreforma, tem uma frustração real com a situação económica e social global que está se expressando: as pensões já eram baixas após as contrarreformas anteriores, e a inflação atual, com a explosão dos preços, já está corroendo o poder de compra das classes trabalhadoras. O já-basta, a ira, estão ai, contra Macron, contra este governo, contra o seu desprezo, contra as suas políticas injustas.

Construir um movimento para vencer

A escala da mobilização coloca enormes responsabilidades em toda a esquerda social e política. Macron deve retirar a sua reforma, devemos restabelecer a reforma aos 60 anos e aumentar os salários. O governo persiste e teremos, portanto, de elevar o patamar da mobilização, de passar de um dia de greve, mesmo muito bem-sucedida como hoje, para uma greve renovável até à vitória, ainda mais maciça, com a participação de novos sectores.

Os sindicatos se acordaram para um novo apelo à greve na terça-feira 31. É muito distante, distante demais: devíamos certamente ter construído sobre este primeiro sucesso para anunciar uma data mais perto na próxima semana, acelerar o ritmo, organizar uma escalação de forma a que o movimento suba de nível.

Trata-se agora de organizar assembleias gerais para discussão nos locais de trabalho e nas escolas para reforçar e ampliar a mobilização, de construir assembleias interprofissionais, para discutir a necessidade de subir o sarrafo mais em cima, preparando a renovação da greve a partir de terça-feira 31 de janeiro, a partir de 1° de Fevereiro, e até lá se mobilizar, para construir agora a greve sempre que possível.

Isto também exige a combinação de diferentes quadros e formas de mobilização porque não podemos nos dar o luxo de competir dentro do nosso campo social. É por isso que participaremos da manifestação nacional no sábado 21 de Janeiro em Paris (14h na Bastilha), convocada pelas organizações da juventude.

Esta mobilização é um teste: todos os sindicatos e partidos, toda a esquerda social e política, a grande maioria da população, se opõem à reforma. Se passar, o governo sentirá que tem asas e acelerará os ataques. Pelo contrário, se ganharmos, podemos inverter a maré, ganhar o retorno da aposentadoria aos 60 anos, arrancar aumentos de salários, ganhar confiança para construir uma alternativa política em ruptura com Macron e o seu mundo, para um poder do mundo do trabalho contra este sistema.


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