Luana Alves é alvo de perseguição após lembrar Nakba e genocídio em Gaza
Nakba - Gett Images

Luana Alves é alvo de perseguição após lembrar Nakba e genocídio em Gaza

Vereadora do PSOL sofre ataques de entidade sionista por lembrar a expulsão palestina de 1948; organizações denunciam tentativa de censura e reafirmam solidariedade frente à escalada de crimes de guerra em Gaza

Tatiana Py Dutra 21 maio 2025, 09:00

Foto: Getty Images

A vereadora Luana Alves (PSOL-SP) vem sofrendo mais uma tentativa de silenciamento por parte de setores conservadores e sionistas organizados após publicar, em suas redes sociais, uma mensagem em memória dos 77 anos da Nakba Palestina – a catástrofe que marcou a expulsão forçada de mais de 750 mil palestinos de suas terras em 1948, durante a criação do Estado de Israel. A repressão à parlamentar exemplifica a estratégia de atacar vozes progressistas que se posicionam contra o apartheid e o genocídio em curso na Palestina.

“Imagina você ser expulsa de dentro da sua casa, porque dizem que seu país não existe mais, e que estão criando um país novo no lugar, onde você não é bem-vindo… Foi isso que aconteceu há 77 anos, na Nakba Palestina, quando quase 1 milhão de palestinos foram EXPULSOS de suas casas, para que Israel fosse construída. É importante relembrar essa LIMPEZA ÉTNICA todos os anos, para que o mundo saiba que esse conflito não começou no 7 de outubro. Israel massacra o povo palestino desde que foi criado”, escreveu a vereadora.

A resposta da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), publicada em nota oficial, acusou Luana Alves de “fomentar a desinformação” e “ignorar fatos históricos”, atacando seu direito à liberdade de expressão e à crítica política. De forma revisionista, o comunicado da Fisesp se recusa a reconhecer a Nakba palestina — evento amplamente documentado por organizações como a Human Rights Watch, a ONU e o próprio arquivo de guerra israelense.

“Essas histórias de perda e deslocamento também são parte do conflito, e são sistematicamente ignoradas por quem tenta pintar um quadro unilateral”, defende a organização.

O ataque da Fisesp à vereadora foi rebatido por organizações comprometidas com os direitos humanos e a justiça internacional. A Frente Palestina São Paulo manifestou solidariedade e criticou a nota da Federação por negar fatos históricos e distorcer o papel da vereadora.

“Denunciar a violência que permitiu a criação do Estado de Israel não apaga a história de nenhum povo. Trata-se de um acontecimento recente, com sobreviventes ainda vivos. A tentativa de negar a existência palestina ou reduzir sua história a uma criação imperial ignora que o nome ‘Palestina’ aparece na história há mais de 3 mil anos, como atestam fontes arqueológicas e historiográficas”, afirmou a Frente em nota.

Também o coletivo Vozes Judaicas pela Libertação – que reúne judeus contrários à ocupação israelense – posicionou-se contra a tentativa de censura:

“Nos preocupa a acusação de que a vereadora promoveu desinformação sobre o povo judeu. Essa narrativa é infundada e parte de uma tendência perigosa: a instrumentalização do antissemitismo por setores da extrema direita e seus aliados para atacar vozes progressistas, especialmente aquelas que se solidarizam à causa palestina”, afirma o coletivo. “A nota da Fisesp cria um ambiente de intimidação política e compromete o debate democrático.”

O caso de Luana Alves não é isolado. Parlamentares, jornalistas e ativistas que denunciam o massacre de civis palestinos têm sido sistematicamente atacados, rotulados e perseguidos, tanto no Brasil quanto em outros países. A repressão à crítica política ao governo de Israel se agrava no momento em que investigações internacionais ganham força, com o Tribunal Penal Internacional avaliando pedidos de mandado de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu por crimes de guerra e contra a humanidade.

Segundo a ONU, mais de 1,9 milhão de pessoas foram deslocadas dentro de Gaza desde o início da ofensiva israelense, após os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023. Em oito meses, mais de 35 mil palestinos foram mortos, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde do país. A destruição de hospitais, escolas, abrigos e a fome forçada em partes do território levaram entidades internacionais a acusarem Israel de crimes de guerra e possível genocídio.


TV Movimento

Global Sumud Flotilla: Por que tentamos chegar a Gaza

Importante mensagem de três integrantes brasileiros da Global Sumud Flotilla! Mariana Conti é vereadora de Campinas, uma das maiores cidades do Brasil. Gabi Tolotti é presidente do PSOL no estado brasileiro do Rio Grande do Sul e chefe de gabinete da deputada estadual Luciana Genro. E Nicolas Calabrese é professor de Educação Física e militante da Rede Emancipa. Estamos unindo esforços no mundo inteiro para abrir um corredor humanitário e furar o cerco a Gaza!

Contradições entre soberania nacional e arcabouço fiscal – Bianca Valoski no Programa 20 Minutos

A especialista em políticas públicas Bianca Valoski foi convidada por Breno Altman para discutir as profundas contradições entre a soberania nacional e o arcabouço fiscal. Confira!

A história das Internacionais Socialistas e o ingresso do MES na IV Internacional

Confira o debate realizado pelo Movimento Esquerda Socialista (MES/PSOL) em Porto Alegre no dia 12 de abril de 2025, com a presença de Luciana Genro, Fernanda Melchionna e Roberto Robaina
Editorial
Israel Dutra | 12 set 2025

O 11 de setembro de nossa esperança – a prisão (finalmente) decretada do genocida Bolsonaro

A condenação de Jair Bolsonaro e todo núcleo duro do golpismo é uma vitória democrática, que deve ser comemorada com a "guarda alta"
O 11 de setembro de nossa esperança – a prisão (finalmente) decretada do genocida Bolsonaro
Publicações
Capa da última edição da Revista Movimento
A ascensão da extrema direita e o freio de emergência
Conheça o novo livro de Roberto Robaina!
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Conheça o novo livro de Roberto Robaina!

Autores