LGB sem T é traição! Não conciliamos com o conservadorismo!
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LGB sem T é traição! Não conciliamos com o conservadorismo!

Sem as Travestis e Pessoas Trans, não há história — nem futuro — para nossa luta

Higor Andrade 19 nov 2025, 09:18

Nossa sociedade cisgênera e heteronormativa sempre nos colocou à margem e nos empurrou para a escuridão: a escuridão das ruas da prostituição, das baladas e bares clandestinos da década de 70, a escuridão das batidas policiais e violências da década de 80 e, antes disso, a escuridão da ditadura militar, que sequestrava, sumia e matava corpos dissidentes.

E quando era preciso estar na linha de frente, quem estava lá eram as Travestis e pessoas Trans. Foram  quem enfrentaram os policiais em Stonewall em 1969, cansadas das violências diárias. Foram as Travestis que apanharam e resistiram nas ruas do Brasil durante a ditadura militar, perseguidas pela lei da vadiagem e pela Operação Tarântula, sempre usada para criminalizar os corpos T. De Marsha P. Johnson e Sylvia Rivera a Dandara dos Santos e tantas outras que tombaram, nossa história é escrita com sangue, coragem e dignidade.

Tirar Travestis e Transexuais da nossa sigla é trair nossa própria história. É esquecer o sangue derramado pelo conservadorismo que tanto nos oprimiu. É cometer o mesmo erro de contar a história pelos olhos dos colonizadores e não do povo escravizado, invisibilizando nossas heroínas e abrindo espaço para que nossos algozes reescrevam nossa memória.

Se as lésbicas podem hoje viver seu amor em público, foi porque pessoas como Lili Vargas lutaram contra todas as violências para que isso fosse possível.

Se gays podem andar de mãos dadas nas ruas, foi porque pessoas como Alessandra Dumdum enfrentaram a brutalidade da sociedade em defesa da nossa população.

Se bissexuais podem demonstrar afeto em público, é porque Jovanna Baby lutou quando ainda nem existia o nome “comunidade” para nos reunir.

E se hoje ocupamos as ruas reivindicando saúde, educação, trabalho, renda e moradia, é porque Travestis e Transexuais sempre estiveram na base da nossa luta. Foram  quem mesmo sem acesso à escola, mesmo sem saúde, mesmo empurradas para a prostituição por um mercado de trabalho que até hoje fecha as portas, tiveram a ousadia de transformar dor em resistência. Foram quem, sem casa e sem direitos, ergueram bandeiras para que tivéssemos voz.

Nós do Movimento Esquerda Socialista participamos da Conferência Nacional LGBTQIA+ em Brasília, um marco histórico que voltou a acontecer após dez anos. Durante o evento, coletivos, organizações e delegados protagonizaram um ato fundamental contra qualquer tentativa de retirada da letra T da sigla LGBTQIA+, reafirmando que não há luta sem as pessoas trans, travestis e não binárias.

Agora, o próximo passo é seguir mobilizados e pressionar para que cada uma dessas políticas seja implementada, assegurando que as decisões construídas coletivamente se transformem em ações concretas que promovam dignidade, igualdade e justiça para toda a comunidade LGBTQIA+.

E por mais que tenha um marco a realização dessa conferência nacional será difícil a efetivação das propostas tendo em vista o aceno do governo Lula ao conservadorismo, sancionando inclusive o veto da linguagem neutra em atos governamentais, um ato que exclui pessoas não binárias, no país que mais mata LGBTQIA+ inclusive pessoas Trans e Travestis, o presidente não se compromete com nossa pauta assim como não compareceu a conferência nacional das pessoas LGBTQIA+, o aceno ao conservadorismo e a direita mostra o quanto falta para que nossas políticas públicas sejam colocadas em práticas, não é possível conciliar com a invisibilização e com o conservadorismo que nos tem como alvos.

Trair a população T é desconhecer a história do Movimento LGBTQIA+, é compactuar com o conservadorismo, é dar munição aos nossos agressores e voltar ao armário.

Não existe liberdade LGB sem a liberdade T.

A emancipação da nossa comunidade só será concluída quando as demandas de uma travesti ou pessoa transexual preta, periférica e pobre forem atendidas. Porque é na vida delas que o peso do preconceito se faz mais cruel  e é também através delas que a resistência se faz mais verdadeira.

Para  a sigla LGBTQIA+ existir muitas pessoas T resistiram.


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