Crise hídrica avança em SP: Monica Seixas exige transparência contra racionamento disfarçado
Sustema Cantareira

Crise hídrica avança em SP: Monica Seixas exige transparência contra racionamento disfarçado

Com reservatórios em níveis críticos e cidades inteiras sem água, deputada cobra que governo Tarcísio revele dados reais do abastecimento e pare de ocultar a gravidade da crise

Tatiana Py Dutra 2 dez 2025, 11:07

Foto: Raylton Alves/Banco de Imagens ANA

A crise hídrica já atinge metade da população do estado de São Paulo, mas o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) insiste em negar o óbvio: há racionamento, há desabastecimento generalizado e há água chegando em condições inadequadas a milhares de famílias. Em meio ao apagão de informações, a deputada estadual Monica Seixas (PSOL) assumiu a linha de frente para exigir transparência e responsabilidade.

A parlamentar apresentou um Projeto de Lei da Transparência do Abastecimento de Água, que obriga o governo e as operadoras dos sistemas a divulgar diariamente os níveis dos reservatórios, informarem claramente a qualidade da água distribuída e avisarem a população, com antecedência, sobre cortes ou interrupções.

Monica denuncia a tentativa do governo de ocultar a gravidade da situação:

“São Paulo está enfrentando uma crise de abastecimento de água, mas Tarcísio está escondendo isso de você. Você já deve ter percebido: pelo estado inteiro, falta água. Quando a água chega, chega com cor ou com cheiro.”

Privatização avança, água piora – e a crise volta a lembrar 2014

Monica relaciona diretamente o caos atual ao processo de privatização da Sabesp: contas mais altas, água com odor, cor e gosto estranhos, reservatórios em queda e cortes diários.

“Enquanto o mundo está reestatizando, porque sabe que água é interesse público e um direito humano, o governador Tarcísio não só privatizou a Sabesp, mas tenta convencer prefeitos aliados a também privatizarem seus serviços municipais”, afirma a deputada.

A piora no abastecimento reacende o trauma da crise de 2014, quando o Sistema Cantareira chegou ao “volume morto” e expôs a capital e dezenas de cidades a níveis inéditos de escassez.

Hoje, o cenário volta a ser preocupante: o Cantareira opera com pouco mais de 20% da capacidade. Em algumas áreas secou tanto que velhas estradas apareceram no fundo da represa, o solo está rachado e barcos encalhados surgem onde antes havia água. Moradores relatam que nunca viram o sistema tão baixo durante o período que deveria ser de cheia.

Da capital ao interior, água falta ou chega suja

Apesar da narrativa oficial de que não há racionamento, a realidade nos bairros e municípios conta outra história. Monica denuncia cortes diários:

“A Sabesp, na região metropolitana, corta a água todos os dias das 19h às 5h. Em Guarulhos, no último final de semana, ficou por mais de 24 horas sem água. Em Itanhaém, a água chegou com cheiro e gosto de colo. Em Itu, chegou rosa. Em Barueri, chegou com barro.”

Os casos se multiplicam:

  • São Caetano do Sul reconheceu oficialmente o racionamento.
  • Bauru adota rodízio rígido, com bairros ficando até 72 horas sem água.
  • Americana decretou emergência hídrica.
  • Salto realiza manobras diárias para tentar manter reservatórios vivos.
  • Tambaú recorre a caminhões-pipa para evitar o colapso.
  • Rio Claro sofre com turbidez extrema no rio Corumbataí, que deixou bairros sem abastecimento.
  • Birigui, Valinhos, Itaquaquecetuba e outras cidades enfrentam cortes e baixa qualidade da água.

Mesmo com chuvas recentes, os mananciais seguem caindo – em média entre 40% e 50% abaixo do volume esperado – e todas as regiões do estado estão fora da condição “normal” no mapa de disponibilidade hídrica da SP-Águas. 18 regiões vivem situação crítica, e quatro já decretaram emergência.

Estado nega racionamento, mas corta água toda noite

O governo e a Sabesp insistem que não há racionamento, apenas “redução de pressão” – medida adotada das 19h às 5h, diariamente, em toda a Grande São Paulo.

A ação, defendida como “preventiva”, já economizou bilhões de litros, mas impõe longas noites sem água a milhões de pessoas.Mônica Seixas rebate:

“Enquanto isso, você fica sem água na torneira. O estado está num racionamento disfarçado.”

Para a deputada, o problema não é apenas técnico, mas político: o governo controla informações, não assume a gravidade da crise e prioriza os contratos milionários da Sabesp privatizada.

Projeto de Transparência

O projeto apresentado por Monica estabelece mecanismos claros:, como a publicação diária dos níveis de todos os reservatórios, o monitoramento e divulgação da qualidade da água, o aviso obrigatório e prévio sobre cortes, racionamentos e manobras; e a garantia de fornecimento mínimo diário 0 tal como já ocorre nos contratos firmados com o agronegócio e a indústria.

Monica sintetiza:

“Você tem o direito de saber quanta água nós temos disponível no estado e como ela está sendo usada. Você tem que ser avisado sobre os cortes de água na sua casa e na sua região.”

A luta pela água como direito humano

Enquanto os reservatórios caem e a privatização avança, a parlamentar alerta que São Paulo pode repetir – ou até superar – o colapso de 2014. A diferença é que agora o governo se recusa a assumir a crise, dificultando que a população se prepare ou cobre soluções estruturais.

A proposta de Monica Seixas busca devolver à sociedade o que deveria ser básico: informação, segurança e transparência sobre um recurso essencial à vida.


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