Temer sobreviveu (por enquanto)
Quando 95% da população queria ver o presidente processado, o Congresso mais uma vez se descola do povo em nome da pequena política.
Não é a primeira vez que a Câmara demonstra sua total desconexão com o sentimento da maioria do povo. Mas desta vez o descolamento é absoluto, pois 95% dos brasileiros queriam ver Temer processado, mas os deputados disseram sim ao arquivamento da denúncia.
Seguimos com um governo chefiado e composto por uma verdadeira quadrilha que circula com malas de dinheiro – cuja grande parte já está denunciada, processada ou presa. É um escárnio contra o povo, contra a democracia e contra o bom senso.
A Operação Lava Jato, através da Polícia Federal e do procurador Rodrigo Janot, fez o seu trabalho, mas os mecanismos legais são insuficientes para combater a corrupção. Não é o Poder Judiciário que vai salvar o Brasil.
É pela política que podemos mudar a realidade. Mas a política que prevalece no nosso sistema é a pequena politica. A política do toma-lá-dá-cá, da troca de favores, dos cargos e da liberação de emendas. A política do interesse público não existe neste jogo que assistimos esta tarde. E não é de hoje. A pequena política seguiu prevalecendo durante os 13 anos de governo petista. As estruturas corruptas a serviço do capital seguiram intocadas.
O Brasil se desmancha em corrupção, desemprego e desestruturação dos serviços públicos. Direitos sociais são retirados. Mas para o andar de cima tudo vai bem. Eles seguem milionários cortando na carne dos de baixo.
O silêncio relativo das ruas é sintomático da desesperança. Mas também é fato que depois de boas mobilizações e de uma greve geral poderosa os aparelhos sindicais e partidários não organizaram a revolta latente. Há quem prefira ver Temer sangrar até 2018. Mas quem está sangrando mesmo é o povo. Há quem tema o povo na rua. Vimos este medo em junho de 2013, quando uma verdadeira revolta popular e juvenil tomou conta do Brasil. O andar de cima tremeu. A casta política tremeu. Preferem o silêncio das ruas.
Mas isso não vai durar para sempre. As sementes de junho vão germinar e trazer novos ares, novas cores e novos rostos. A luta está sempre recomeçando.