OEA, um fardo para a América Latina
Reprodução

OEA, um fardo para a América Latina

Organização dos Estados Americanos deve ser substituída.

27 jul 2021, 19:22

Como anfitrião da reunião de ministros da Comunidade dos Estados da América Latina e Caribe (CELAC), o Presidente Andrés Manuel López Obrador proferiu um discurso no qual retomou a melhor tradição diplomática mexicana de defender a soberania de nossas nações contra a interferência permanente de Washington. O discurso de Lopez Obrador foi acusado de simbolismo porque ocorreu no contexto da comemoração do nascimento de Simón Bolívar, e ele assumiu a bandeira da unidade latino-americana com um chamado para substituir a disfuncional Organização dos Estados Americanos (OEA) por um órgão autônomo, não um lacaio de ninguém, que mediaria nos conflitos entre nações sobre questões de direitos humanos e democracia, mas a pedido e aceitação das partes.

López Obrador citou o exemplo de Cuba ao falar da difícil resistência às operações abertas ou encobertas com as quais os Estados Unidos têm procurado – muitas vezes com lamentável sucesso – pisar na vontade dos povos latino-americanos e impor sua agenda a toda a região. Suas palavras resumem a ideologia daqueles que estão do lado da decência, da legalidade internacional e da democracia plenamente entendida como autodeterminação: podemos ou não concordar com a revolução cubana e seu governo, disse ele, mas ter resistido 62 anos sem subjugar é uma façanha e, por sua luta em defesa da soberania de seu país, o povo de Cuba merece o prêmio da dignidade.

É claro que, dentro de cada nação latino-americana, assim como entre os diversos Estados, existem grandes diferenças decorrentes da cultura, da classe, das vicissitudes da história e das etnias ou outros tipos de pertença e identidade, mas é igualmente verdade que essas diferenças podem ser superadas dentro de um quadro de respeito se houver um órgão multilateral comprometido com os interesses da região, cujos membros sejam capazes de colocar de lado suas fobias ideológicas no interesse de chegar a acordos e sejam dotados de uma inquestionável integridade pessoal que os torne a salvo das tentações imperialistas.

E todos já sabem que tal corpo não é e não pode ser a OEA: desde sua criação, esse órgão foi um mero cinturão de transmissão das diretrizes de Washington, mas sob a secretaria de Luis Almagro afundou numa ignomínia sem precedentes ao orquestrar o golpe de 2019 na Bolívia; ao entregar a representação da Venezuela a um caráter burlesco sem outras credenciais além da aprovação do Departamento de Estado; fazer vista grossa ou criminalizar abertamente as vítimas da repressão selvagem implantada pelos governos do Chile e da Colômbia nos últimos dois anos; assumir o papel de ponta de lança dos ataques criminosos contra Cuba; e deixar claro sua falta de escrúpulos e sua obscena submissão aos desígnios dos Estados Unidos, atolando-se em lutas nas quais perdeu qualquer senso de decoro.

Artigo originalmente publicado em La Jornada. Reprodução da tradução realizada pelo Observatório Internacional do PSOL.


TV Movimento

Roberto Robaina entrevista Flávio Tavares sobre os 60 anos do golpe de 1º de abril

Entrevista de Roberto Robaina com o jornalista Flávio Tavares, preso e torturado pela ditadura militar brasileira, para a edição mensal da Revista Movimento

PL do UBER: regulamenta ou destrói os direitos trabalhistas?

DEBATE | O governo Lula apresentou uma proposta de regulamentação do trabalho de motorista de aplicativo que apresenta grandes retrocessos trabalhistas. Para aprofundar o debate, convidamos o Profº Ricardo Antunes, o Profº Souto Maior e as vereadoras do PSOL, Luana Alves e Mariana Conti

O PL da Uber é um ataque contra os trabalhadores!

O projeto de lei (PL) da Uber proposto pelo governo foi feito pelas empresas e não atende aos interesses dos trabalhadores de aplicativos. Contra os interesses das grandes plataformas, defendemos mais direitos e melhores salários!
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 28 abr 2024

Educação: fazer um, dois, três tsunamis

As lutas da educação nos Estados Unidos e na Argentina são exemplares para o enfrentamento internacional contra a extrema direita no Brasil e no mundo
Educação: fazer um, dois, três tsunamis
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 48
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Edição de março traz conteúdo inédito para marcar a memória da luta contra a repressão