Morre, aos 91 anos, o cineasta Jean-Luc Godard

Morre, aos 91 anos, o cineasta Jean-Luc Godard

Francês revolucionou o cinema com estilo moderno de captação e temáticas existenciais e marxistas.

Tatiana Py Dutra 13 set 2022, 16:38

O cineasta francês Jean-Luc Godard, um dos maiores nomes do movimento Nouvelle Vague morreu nesta terça-feira (13) aos 91 anos. Em 70 anos de carreira – só interrompida em março do ano passado – dirigiu mais de 40 longas-metragens, além de curtas, documentários experimentais e, até, vídeos de música.

Nascido em Paris em 1930, Jean-Luc Godard era de uma rica família franco-suíça: era filho de um médico e neto de um dos fundadores do banco francês Paribas. Porém, preferiu afastar-se da vida luxuosa que o berço de ouro lhe concederia. Financiou seu primeiro curta-metragem com o dinheiro amealhado com o trabalho como operário. Foi sua forma de mostrar o desejo de independência.

Revolucionou o cinema questionando métodos tradicionais de direção e montagem, mesmo a sua própria. Estabeleceu novos paradigmas estéticos ao cinema ao adotar cortes bruscos, câmera em mãos, captação fora dos estúdios, luz natural e diálogos existenciais, que influenciariam outros diretores da Nouvelle Vague. Também expôs em seus filmes suas opiniões políticas. Ávido leitor da filosofia existencial e marxista, falou das guerras na Europa, da ascensão do neoliberalismo, da América, do socialismo e das relações humanas nesses vieses.

Sua produção de maior impacto foi “Acossado” (1959). O filme apresenta um criminoso, vivido por Jean-Paul Belmondo, vivendo uma relação improvável com uma estudante estadunidense (Jean Seberg), a quem persuade a escondê-lo em seu apartamento. A obra foi feita sem roteiro algum, e as filmagens se davam de acordo com a inspiração do diretor. Ainda que os cineastas tradicionais tenham qualificado a produção como “impossível de montar”, o drama acabou sendo considerado a montagem mais moderna do mundo.

Dizia Godard  que “O cinema é um pensamento que toma forma, bem como uma forma que permite pensar”. Assim, cada filme era um novo experimento, carregado de  liberdade e descoberta.

Outros filmes de destaque em seu currículo são  “O desprezo” (1963), “Viver a Vida” (1962), “Alphaville” (1965), “Carmen” (1983) e “Adeus à Linguagem” (2014). Lançado em 1985, o longa “Je Vous Salue, Marie” (1985) causou controvérsia mundial ao discutir a difícil convivência entre corpo e espírito em uma releitura da história de Maria e José, pais de Jesus. O filme foi condenado pelo papa João Paulo II e teve exibição proibida no Brasil e em outros países, por “ofender as crenças católicas”.

Até o final da carreira, foi reconhecido como um gênio. Ganhou um Oscar Honorário, em 2010, pelo conjunto da obra, Em 2014, levou o prêmio do júri do Festival de Cannes por “Adeus à Linguagem”. Quatro anos depois, concorreu pela Palma de Ouro em Cannes com “Imagem e Palavra”.

Conforme informações ao jornal Libération, Godard morreu através do processo de suicídio assistido, um recurso legal na Suíça.

“Ele não estava doente, apenas esgotado. Foi decisão dele e é importante que se saiba”, informou a família.

Ao anunciar planos de aposentadoria, aos 90 anos, Godard disse que faria, antes, dois filmes.

“Estou finalizando a minha vida no cinema. Sim, minha vida de cineasta, com mais dois roteiros. Depois disso, eu direi: ‘Adeus, cinema!'”, declarou.

Talvez, o cinema de Godard deixe ainda novos frutos na posteridade.


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Camila Souza