Nas ruas, a luta pela revogação do Novo Ensino Médio
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Nas ruas, a luta pela revogação do Novo Ensino Médio

Dia Nacional de Mobilização envolve comunidades escolares de todo o país contra os prejuízos impostos pelo novo modelo de ensino secundário

Tatiana Py Dutra 15 mar 2023, 14:02

O Brasil assistie nesta quarta-feira (15/03) a dezenas de manifestações de pais, alunos e professores pela revogação do Novo Ensino Médio, convocada pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), com o apoio de diversas entidades e coletivos estudantis. Em Porto Alegre, o protesto começou logo cedo, no Colégio Estadual Júlio de Castilhos (foto).

As manifestações do Dia Nacional de Mobilização pela Revogação do NEM são um instrumento de pressão popular contra a reforma, que altera bruscamente o currículo do ensino secundário sob o pretexto de dar liberdade de escolha ao aluno na construção de currículo, qualificação profissional e aumento de carga horária.

O Novo Ensino Médio tornou parte do currículo flexível para os estudantes, que ao longo dos três anos de curso podem optar por disciplinas criadas dentro de 28 trilhas de aprendizagem. Para tornar viáveis aulas como Projeto de Vida e Empreendorismo, foi necessário reduzir o ensino de Química, Física, Sociologia e História, por exemplo, resumidas a 50 minutos semanais. 

“Até que o professor chegue, faça a chamada e consiga iniciar a aula, ela já está acabando. Isso reforça a desigualdade educacional, porque, na prática, o acesso a esse conhecimento está sendo sonegado”, comentou a doutoranda em Educação na na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Angela Chagas, ao jornal Zero Hora.

A oferta de disciplinas optativas é menor nas escolas públicas e nas comunidades mais pobres, o que aprofunda a desigualdade educacional. 

“A oferta de matérias optativas estará intrinsecamente ligada à condição social em que a escola e seus estudantes estão inseridos. Isso significa que, matérias de fim formativo, que serão complementares ao ensino, tecnológicas, e mais valorizadas, serão apenas aplicadas em escolas específicas. Enquanto isso, na maioria das escolas públicas do país, o ensino já está sendo voltado à entrada num mercado de trabalho precarizado”, diz o trecho de um manifesto do Coletivo Juntos, que propôs um abaixo-assinado pelo fim da reforma do Ensino Médio.

Aliás, as matérias optativas são um abacaxi até mesmo para escolas da rede privada e federais, que para ofertar novidades precisam ampliar o quadro de funcionários ou deslocar professores de outras matérias.

“Os professores têm formações que dizem respeito à sua área de atuação, e acaba acontecendo de verem as suas próprias disciplinas reduzidas para “lecionar” (sem capacitação adequada) coisas como “projeto de vida”, que não condizem com a realidade dos estudantes e dos professores”, observa a presidenta do PSOL-RS, deputada estadual Luciana Genro.

Pressão

Ainda que o governo federal se mostre disposto a discutir os problemas da reforma, não há indicativo de que queira revogá-la. Por isso, o movimento estudantil e especialistas reforçam a pressão, levando a comunidade um abaixo-assinado que prove a Lula e ao MEC a urgência da interrupção do modelo.

“A maioria das escolas públicas do Brasil sofre com o sucateamento na infraestrutura, falta de investimento e a escassez na alimentação escolar. Portanto, a reforma está sendo inserida em uma estrutura problemática e alarmante. As escolas necessitam de investimento, recomposição orçamentária e que as unidades de ensino tenham acesso a laboratórios, salas de informática, bibliotecas e salas de aulas bem equipadas”, diz o manifesto do Juntos.

O coletivo, assim, convoca um levante que una os secundaristas, professores e responsáveis, para pressionar o governo pela revogação imediata “de uma ideia fracassada, que não é consenso sequer entre os próprios profissionais do MEC”. 

“Devemos nos colocar ativos nessa luta de forma imediata, construindo uma mobilização que leve à sociedade às ruas no dia 15 de março. Também, não devemos ver esse ato como um fim, mas sim o começo de um calendário de lutas que deve ser construído pela base”, diz o texto.

Clique aqui para subscrever o abaixo-assinado:


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